Os recuos que podem implodir a ideia de uma CPI do MEC
Como noticiamos no fim de semana, o requerimento que propõe a criação da CPI do MEC no Senado deixou de ter os apoios mínimos necessários, ou seja, 27 assinaturas. Oriovisto Guimarães e Styvenson Valentim, do Podemos, e Weverton Rocha, do PDT, recuaram e desistiram de apoiar a iniciativa...
Como noticiamos no fim de semana, o requerimento que propõe a criação da CPI do MEC no Senado deixou de ter os apoios mínimos necessários, ou seja, 27 assinaturas.
Oriovisto Guimarães e Styvenson Valentim, do Podemos, e Weverton Rocha, do PDT, recuaram e desistiram de apoiar a iniciativa.
Weverton — em tese, opositor do governo Bolsonaro — disse a O Antagonista, por meio de sua assessoria, que a assinatura dele não chegou a ser lançada no sistema do Senado. O senador pedetista alegou que o recuo foi uma “decisão individual”.
Nos bastidores, a pressão para a retirada de assinaturas parte de Ciro Nogueira, senador licenciado e atual ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, e de grupos evangélicos. Weverton, como registramos, já gravou um vídeo ao lado do pastor Gilmar Santos, apontado como um dos pivôs do escândalo do MEC.
Styvenson Valentim afirmou a O Antagonista que não sofreu pressão alguma.
“Cada um deve ter seus motivos. O meu foi claro: pelo que vi da CPI da Pandemia, e são os mesmos atores que estão se articulando para fazer essa nova CPI, há uma dúvida se querem realmente, em ano eleitoral, buscar soluções. O ministro Milton Ribeiro já saiu. E os órgãos específicos já estão investigando. Não é tão urgente. Se for o caso, poderemos fazer essa CPI depois das eleições”, disse.
Ele acrescentou:
“Eu não tenho a mínima afinidade com Bolsonaro, todo mundo sabe, mas também não vou participar de um circo desses. CPI não tem efetividade, a não ser holofotes políticos. CPI não serve para nada, a não ser para autopromoção política em detrimento do real motivo fático.”
Oriovisto Guimarães divulgou uma nota sobre o assunto no fim de semana: “Uma CPI tão próxima das eleições acabará em palanque eleitoral. Então, é melhor que a investigação seja feita pela Polícia Federal e pelo Ministério Público”, diz um trecho.
Entenda o caso
No mês passado, o Estadão e a Folha divulgaram reportagens que mostravam como pastores sem cargo no governo intermediavam a liberação de verbas da pasta da educação. Há denúncias de cobranças de propina por parte dos religiosos, inclusive em ouro e Bíblias. O escândalo ficou conhecido como “Bolsolão do MEC”. Milton Ribeiro, flagrado numa gravação em que admite priorizar pedidos dos pastores, por indicação do presidente da República, acabou sendo exonerado.
Leia a lista dos 27 senadores que, inicialmente, assinaram o requerimento que sugere a instalação da CPI no Senado:
1. Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
2. Paulo Paim (PT-RS)
3. Humberto Costa (PT-PE)
4. Renan Calheiros (MDB-AL)
5. Styvenson Valentim (Podemos-RN)
6. Fabiano Contarato (PT-ES)
7. Jorge Kajuru (Podemos-GO)
8. Zenaide Maia (Pros-RN)
9. Paulo Rocha (PT-PA)
10. Omar Aziz (PSD-AM)
11. Rogério Carvalho (PT-SE)
12. Reguffe (União Brasil-DF)
13. Leila Barros (PDT-DF)
14. Jean Paul Prates (PT-RN)
15. Jaques Wagner (PT-BA)
16. Eliziane Gama (Cidadania-MA)
17. Tasso Jereissati (PSDB-CE)
18. Cid Gomes (PDT-CE)
19. Alessandro Vieira (PSDB-SE)
20. Weverton Rocha (PDT-MA)
21. Dário Berger (PSB-SC)
22.Simone Tebet (MDB-MS)
23. Mara Gabrilli (PSDB-SP)
24. Nilda Gondim (MDB-PB)
25. Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)
26. Jader Barbalho (MDB-PA)
27. Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
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