Os mistérios da Coronavac que Dimas Covas pode esclarecer na CPI
A audiência do diretor do Butantan, Dimas Covas, à CPI nesta quinta (27) é uma oportunidade para os senadores tentarem esclarecer alguns mistérios sobre a Coronavac...
A audiência do diretor do Butantan, Dimas Covas, à CPI nesta quinta (27) é uma oportunidade para os senadores tentarem esclarecer alguns mistérios sobre a Coronavac.
Eis algumas perguntas que os senadores deveriam fazer:
1. Em 23 de dezembro de 2020, o senhor disse em coletiva de imprensa que a Coronovac havia atingido “o limiar da eficácia que permite solicitar uso emergencial, no Brasil ou na China”.
Qual limiar foi esse, e a quais dados o senhor teve acesso?
2. Por que o Butantan, após pedido via Lei de Acesso à Informação, não forneceu esses dados, e sim um PowerPoint feito pela Anvisa? O seu instituto não tem dados próprios?
3. No mesmo 23 de dezembro em que anunciou o “limiar da eficácia”, o senhor acrescentou que a Sinovac havia solicitado não divulgar o número exato. Isso permitiria a unificação dos dados da vacina em diferentes países. No dia seguinte, véspera do Natal, pesquisadores da Turquia anunciaram uma eficácia de 91%.
O contrato da Sinovac com a Turquia era diferente?
4. Em janeiro deste ano, o governador João Doria anunciou que a eficácia da Coronavac teria sido “de 78% a 100%” nos estudos conduzidos pelo Butantan no Brasil.
O governador Doria foi abastecido de quais dados para fazer essa afirmação? E quem foi o responsável por informar o governador?
5. Em 10 de março deste ano, o senhor prometeu divulgar ‘brevemente’ estudos que mostrariam eficácia da Coronavac contra variantes do novo coronavírus.
Em ofício, o senhor alegou “segredo de negócio” para negar um pedido de informações de O Antagonista sobre esse estudo.
Em abril deste ano, o Butantan enviou os resultados da fase III do ensaio clínico da Coronavac para publicação em revista científica. Mas os dados são de entre julho e dezembro de 2020, antes da disseminação de algumas variantes importantes.
Então, onde estão os estudos sobre a eficácia contra variantes? Quando o senhor pretende divulgá-los? Esses dados fazem parte dos relatórios sobre imunogenicidade que o seu instituto está devendo à Anvisa?
6. Ainda sobre o estudo enviado para revista científica: nos participantes que receberam a 2ª dose de Coronavac menos de 21 dias após a primeira, a eficácia foi de 49,1%, contra 62,3% na “pequena porção” de participantes que receberam a 2ª dose após um intervalo de 21 dias ou mais.
Sem os participantes que receberam a 2ª dose com intervalo maior, a vacina teria atingido o limiar de 50% de eficácia? Em algum momento durante o ensaio foi tomada uma decisão deliberada de aumentar o intervalo entre as doses?
7. Por que o município de Serrana foi escolhido para o projeto de vacinação em massa, entre as 645 cidades do estado? O senhor teve alguma influência na decisão?
8. Por que o senhor chegou a Brasília na noite de terça (25), se o depoimento na CPI é só na quinta? Qual foi a sua agenda em Brasília nesta quarta (26)?
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)