Os ferros-velhos do PCC na Cracolândia
Ministério Público de São Paulo denuncia 25 suspeitos de atividades ilícitas na exploração de ferros-velhos e empresas de reciclagem sob controle da facção criminosa
O Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia contra 25 suspeitos de participarem de atividades ilícitas na exploração de ferros-velhos e empresas de reciclagem sob o controle do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A acusação detalha a estruturação de uma rede organizada pelo PCC para operar galpões que recebiam materiais roubados, com ênfase em fios de cobre subtraídos na região central da capital paulista.
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A investigação revelou que o funcionamento do esquema ilegal incluía o uso de mão de obra clandestina de moradores da Cracolândia, submetidos a condições laborais precárias.
Remuneração em bebida e drogas
Os trabalhadores não eram remunerados com dinheiro, mas com bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes, conforme apontam os inquéritos conduzidos pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
“Os denunciados constituíram organização criminosa para explorar os ferros-velhos e recicladoras que constituem objeto da presente denúncia, de forma ilegal, em flagrante violação à legislação ambiental, sanitária, tributária, trabalhista, cujos produtos e proveitos destas atividades possibilitaram a violação em escala dos direitos das pessoas em situação de vulnerabilidade, notadamente dos adictos”, diz a denúncia.
O documento afirma que os envolvidos formaram uma organização criminosa com o objetivo de explorar ilegalmente os ferros-velhos e recicladoras. A atividade desrespeitava normas ambientais, sanitárias, tributárias e trabalhistas, resultando em violações sistemáticas dos direitos de pessoas em situação vulnerável, particularmente usuários de drogas.
Operação Salus et Dignitas
A denúncia faz parte das investigações decorrentes da Operação Salus et Dignitas. Deflagrada em agosto, ela tem foca em segurança e dignidade pública. Até o momento, outras três denúncias relacionadas foram aceitas pela Justiça.
A primeira delas se refere a guardas civis metropolitanos acusados de integrar uma milícia para extorquir comerciantes na Cracolândia; a segunda aborda o comércio ilícito de armas no centro paulistano, também envolvendo os mesmos agentes; e a terceira foca nas atividades do PCC na Favela do Moinho.
Neste caso, o principal denunciado é Leonardo Monteiro Moja, conhecido como Leo do Moinho, identificado como chefe do tráfico de drogas nos hotéis do centro de São Paulo e tido como “dono” da Favela do Moinho.
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