Oposição tenta ‘proteger’ anista após explosões em Brasília
Deputados rebateram críticas de Moraes ao projeto e falaram em "caso isolado" e "suicida". Para eles, anistia não deve ser prejudicada
A oposição na Câmara dos Deputados se organiza para manter vivo o projeto de lei da anistia aos presos do 8 de janeiro. A articulação ocorre após o episódio das explosões realizadas por Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e no anexo quatro da Câmara, nesta quinta-feira, 14. O ministro Alexandre de Moraes e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, se posicionaram contra a pauta, usando o ataque como “gancho” para as críticas ao projeto.
Em conversa com O Antagonista, parlamentares comentaram como as explosões, que “viraram de cabeça para baixo” a rotina política e institucional em Brasília, podem afetar o apoio à anistia. A medida continua sendo uma prioridade para o bloco bolsonarista, que se vê desafiado a contornar o desgaste gerado pelo episódio.
“Eu avalio que vão usar esse episódio para tentar barrar o andamento do projeto da anistia mas isso não se justifica. Querem usar esse fato para prejudicar ainda mais pessoas simples que estão presas e submetidas a um sofrimento indevido. Basta de tanta crueldade”, disse a líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Bia Kicis (PL-DF).
O deputado Sanderson (PL-RS) avaliou que “Barrar a anistia por conta de uma situação absolutamente isolada como essa, feita por um “lobo solitário” visivelmente perturbado mental,
seria um erro politico sem precedentes“.
E completou. “É justamente a anistia o instrumento constitucional capaz de apaziguar os ânimos e reestabelecer a harmonia social no Brasil. Ou o regime imagina que haverá uma pacificação nacional sem uma anistia geral, ampla e irrestrita?”.
Para o Paulo Bilynskyj (PL-SP) não haverá impacto sobre avanço da propositura na Câmara. “Não existe nenhuma conexão lógica ou material. O episódio de ontem trata de uma pessoa claramente doente que cometeu suicídio usando fogos de artifício”, destacou.
O deputado Mauricio Marcon, que como Bilynskyj (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF), é membro titular da CCJ, destacou o teor suicida das explosões. “Infelizmente uma pessoa com transtornos depressivos tirou a própria vida. Eu não vi ninguém lamentar sobre isso. Ficou claro no vídeo que a gente teve acesso que era uma pessoa que tentou e conseguiu se matar”.
Sobre a anista, ele ressaltou que quem decide é Congresso Nacional “eleito pelo sufrágio universal dos votos” e não “algum ministro que não tenha essa prerrogativa e que não deveria sequer opinar sobre o que o Congresso faz”.
“O governo nunca teve interesse e qualquer motivo é motivo [para boicote]”, afirmou Nelson Padovani (União-PR).
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