A Ordem dos Advogados do Brasil apresentou ao Supremo uma ação direta de inconstitucionalidade para derrubar a medida provisória do governo que obriga as operadoras telefônicas a disponibilizarem dados de todas as contas de clientes ao IBGE.

A MP, publicada na sexta, permite ao órgão obter a relação dos nomes, dos números de telefone e dos endereços de pessoas físicas e jurídicas. A finalidade é a “produção de estatística oficial” e realização de “entrevistas em caráter não presencial no âmbito de pesquisas domiciliares”.

O texto diz que as informações serão guardadas em sigilo, não poderão ser usadas em processos contra as pessoas nem disponibilizadas a outros órgãos públicos e empresas, e que serão eliminadas do banco de dados do IBGE em até 30 dias após o fim da epidemia do novo coronavírus.

Para a OAB, no entanto, a medida provisória viola os direitos à dignidade da pessoa humana, à intimidade e vida privada, honra e imagem das pessoas, o sigilo dos dados e o direito à “autodeterminação informativa”.

“A MP deveria ter estabelecido uma governança colegiada em relação aos dados, com a participação do Poder Executivo, Ministério Público, Advocacia, setor privado, academia e sociedade civil. Em não o fazendo, a Medida viola o postulado da proteção efetiva do cidadão, sua privacidade e sigilo de dados pessoais”, diz a ação.

A relatora é a ministra Rosa Weber.