O “vínculo” entre tamanho do Estado e corrupção
Com base na leitura dos planos de governo, Guilherme France, consultor da Transparência Internacional, disse ao Estadão que “os candidatos à direita, que tendem a preferir um modelo de estado menor, usam o combate à corrupção como forma de...
Com base na leitura dos planos de governo, Guilherme France, consultor da Transparência Internacional, disse ao Estadão que “os candidatos à direita, que tendem a preferir um modelo de estado menor, usam o combate à corrupção como forma de alavancar essa preferência”.
“Usam a redução do estado, a privatização, o enxugamento da máquina pública, a desburocratização, como formas de combater a corrupção. Quando na realidade, não existe esse vínculo automático.”
Segundo France, a observação de internacional mostra que “muitos dos estados que estão despontando como os estados com menor corrupção” não são máquinas enxutas.
“Estados que têm melhor pontuação no índice de percepção da corrupção são estados compreendidos tradicionalmente como de bem-estar social, máquinas públicas bastante grandes, como países da Escandinávia, Dinamarca, Suécia. Estados tradicionalmente grandes, mas que não enfrentam problemas da corrupção. Então essa vinculação de reduzir o tamanho do Estado e reduzir a corrupção, ela não é automática”, avalia o consultor, pregando o compromisso “tanto com controle social, aumentando a transparência, quanto estabelecendo formas de aprimorar o sistema judicial para reduzir a impunidade”.
France deveria ler, por exemplo, o livro “Debunking utopia – Exposing the myth of Nordic Socialism (Desmistificando a utopia – Revelando o mito do socialismo nórdico)”, do acadêmico e empreendedor sueco-iraniano Nima Sanandaji, que, como resumiu Helio Gurovitz no G1 anos atrás, “demonstra que o sucesso da Escandinávia tem raízes liberais e é anterior à expansão estatal ocorrida entre as décadas de 1970 e 1990. Ele está, acima de tudo, fundamentado numa cultura única, baseada em confiança, responsabilidade cívica e ética no trabalho. Ao contrário da visão defendida em setores da esquerda, o Estado de Bem-Estar Social impõe hoje uma série de dificuldades aos países da região”.
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