O sonho acabou
Em sua mensagem de despedida da Lava Jato, Deltan Dallagnol resumiu numa frase o atual estado de coisas: "Sonhamos junto o sonho de um país menos corrupto. Serei eternamente grato a vocês por isso."...
Em sua mensagem de despedida da Lava Jato, Deltan Dallagnol resumiu numa frase o atual estado de coisas: “Sonhamos junto o sonho de um país menos corrupto. Serei eternamente grato a vocês por isso.”
Apesar de tecer elogios ao substituto e tentar parecer que a força-tarefa seguirá seu curso, a verdade escancarada é que o sonho de um país menos corrupto, embalado pela Lava Jato, acabou.
O procurador Alessandro Oliveira está para Dallagnol como o juiz Luiz Antonio Bonat está para Sergio Moro.
Bonat é um magistrado competente, mas lento. Levou 1 ano para dar a primeira sentença desde que assumiu a 13ª Vara Federal em Curitiba. Em março, o número de processos à espera de decisões finais de Bonat havia mais que dobrado, de 25 para 51.
Moro mantinha uma média de dez sentenças por ano, quase 1 por mês, e ainda autorizava inúmeras diligências a pedido do MPF para aprofundar as investigações. “A justiça quando tarda não é completa”, disse, certa vez.
Oliveira tem pela frente cerca de 400 investigações em curso, que avançarão em ritmo bem mais lento do que o aplicado por Dallagnol. Não só pelo perfil do novo coordenador da Lava Jato, mas pela iminente mudança do modelo de força-tarefa.
Há em curso uma desarticulação entre órgãos de persecução penal e fiscalização, bem como restrições ao uso de medidas cautelares e a acordos de colaboração, que se somaram ao fim da prisão após condenação em segunda instância e às inúmeras tentativas em curso para restabelecer o foro privilegiado.
Como expôs o próprio Augusto Aras, “o lavajatismo há de ser superado pelo natural, bom e antigo enfrentamento à corrupção”.
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