PP, o partido não-binário
Centrão é coisa do passado. Fazendo jus ao "progressista" que carrega em seu nome, o PP é o primeiro partido não-binário, ou de gênero fluido, da política brasileira...
Centrão é coisa do passado. Fazendo jus ao “progressista” que carrega em seu nome, o PP é o primeiro partido não-binário, ou de gênero fluido, da política brasileira.
Isso lhe permite ser conservador e bolsonarista, com certeza, mas também se aventurar com o governo Lula. Conservador e adepto do swing – é por aí.
Durante o fim de semana, o presidente da sigla, o senador Ciro Nogueira, reafirmou que o PP é da oposição. Disse até que em breve será divulgada uma carta com “princípios inegociáveis” que os parlamentares da sigla deverão seguir. Ele explicou, contudo, que não vai fazer escândalo se “o PP da Câmara” conseguir cavar um ministério na Esplanada.
O PP pretende colocar os pés em duas canoas distintas, sem ser incomodado por ninguém: em uma, mantém Ciro Nogueira como porta-voz da direita; na outra, libera o deputado André Fufuca, líder do partido na Câmara, para embarcar no governo com o aval de Arthur Lira, presidente da Câmara.
MDB e União Brasil têm divisões internas em relação ao governo. O União, especialmente, ocupa três ministérios, mas não entrega nem metade de seus votos na Câmara em matérias de interesse do Planalto. Com dilemas desse tipo, os partidos parecem velhos frente ao PP, que entendeu a carência petista (falta de articulação política) e está disponível para saná-la, sem dramas, mas também sem manifestações públicas de afeto.
Justiça seja feita, Lula parece igualmente pronto a mergulhar na relação segundo as regras do PP. Alguém deve ter lhe explicado – Janja talvez, antenada com tudo que é novo, jovem e no cutting edge das teorias sociais – que vivemos no tempo dos “relacionamentos líquidos”.
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