O que os deputados dizem sobre a enrolação do Orçamento
Estamos em 19 de novembro e a Comissão Mista de Orçamento (CMO) não foi nem sequer instalada...
Estamos em 19 de novembro e a Comissão Mista de Orçamento (CMO) não foi nem sequer instalada, em meio a uma disputa interna do Centrão.
Temos segundo turno de eleições municipais pela frente, uma pandemia em curso e a Câmara está há seis semanas basicamente sem aprovar proposta alguma. As comissões permanentes, incluindo o Conselho de Ética e a comissão especial da PEC da prisão em segunda instância, continuam sem funcionar.
Enquanto isso, as reuniões entre parlamentares — boa parte ainda não pisou em Brasília desde o início da pandemia — são basicamente para decidir questões partidárias, eleições internas na Câmara e, claro, a disputa pela CMO.
O Antagonista quis ouvir os deputados sobre isso.
“Anteciparam o processo sucessório da Câmara e contaminaram todos os debates com isso. Não tem um responsável. A incapacidade das lideranças do Congresso de chegar a um acordo sobre a retomada dos trabalhos e a pauta está relacionada à incapacidade de colocar os interesses do povo brasileiro acima das disputas internas da Casa. O Brasil é muito maior que a Câmara e a Câmara existe para servir ao país, não o inverso”, disse Marcelo Ramos (PL), pré-candidato à sucessão de Maia, em fevereiro do ano que vem.
José Rocha (PL), ex-vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara, colocou a culpa em Davi Alcolumbre: “A responsabilidade é toda do presidente do Congresso, que cancelou uma reunião de instalação da CMO com quórum estabelecido. Ele deve dar as explicações”.
Alçado à função de vice-líder do governo na Câmara em meio à pandemia, Joaquim Passarinho (PSD) disse que a obstrução da pauta pelas “oposições” atrapalham os trabalhos: “Apesar de a obstrução ser legítima e regimental, creio não ser inteligente ou funcional. Podemos perder tudo o que foi feito, com muito esforço, durante a pandemia”.
A deputada Lídice da Mata (PSB), relatora da CPMI das Fake News — comissão que também está parada –, chamou a situação atual de “absurdo”. “O que dizem é que o Centrão está decidido a derrubar o tal acordo que dá ao DEM o comando da CMO”.
Sobre a paralisação das comissões permanentes, a deputada bolsonarista Carla Zambelli afirmou: “Rodrigo Maia é o responsável. É ele quem instala comissões”.
O deputado José Nelto (Podemos), a quem Maia prometeu pautar ainda neste ano a PEC da prisão em segunda instância, disse que a CMO está travada por decisão de Alcolumbre. “Quem está perdendo e vai perder com tudo isso é o governo, que também é responsável por esta situação. É um prejuízo enorme para o Brasil”.
Jerônimo Goergen (PP) comentou:
“A nossa ausência em Brasília faz cair a qualidade legislativa e ’empodera’ um grupo muito pequeno de colegas. Pior é sabermos os interesses que estão em jogo. Cada vez vejo o ambiente para a aprovação de reformas em maior perigo.”
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