O que está por trás da saída de DEM e MDB do bloco do Centrão
Com a sucessão de Rodrigo Maia no horizonte, os partidos do Centrão vão tomando seu rumo. Todos em busca de espaços de poder na Câmara, claro...
Com a sucessão de Rodrigo Maia no horizonte, os partidos do Centrão vão tomando seu rumo. Todos em busca de espaços de poder na Câmara, claro.
A eleição interna será em fevereiro do ano que vem, mas ninguém vira presidente da Câmara de uma hora para outra. As movimentações nos bastidores, por óbvio, já começaram, como O Antagonista vem mostrando.
As sessões virtuais, em razão da pandemia, distanciaram os deputados — muitos estão na base, cuidando das eleições municipais –, mas com menos holofotes sobre o Congresso, as negociações passaram a correr, digamos, mais livremente.
Hoje, há um fato novo e importante nesse xadrez: DEM, de Rodrigo Maia, e MDB, de Baleia Rossi, decidiram pular fora de um bloco parlamentar liderado por Arthur Lira, líder do PP e candidato à sucessão de Maia.
Os discursos oficiais estão redondinhos: os envolvidos são unânimes em minimizar a saída dos dois partidos, dizendo ser “algo natural”. Mas não é bem assim.
O tal bloco do Centrão, de fato, foi montado no início deste ano para que os partidos agrupados pudessem ter preferências nas indicações de integrantes da cortejada Comissão Mista de Orçamento (CMO).
O bloco poderia ter sido desfeito logo em seguida à formação da CMO. Mas não o foi. Sendo assim, ao longo de toda a pandemia, Arthur Lira, formalmente, continuou a liderar um grupo de 221 deputados, incluindo PP, PL, MDB, DEM, PSD, PTB, Solidariedade, PROS e Avante.
Dois motivos, segundo apurou O Antagonista, fizeram com que DEM e MDB decidissem, então, romper com o grupo de Lira neste momento, reduzindo para 158 os parlamentares liderados pelo alagoano.
O primeiro motivo foi a votação da PEC do Fundeb, na semana passada, que serviu como gota d’água dessa história. Como líder do bloco, Lira tentou retirar o assunto de pauta, para vender ao Palácio do Planalto — de quem se aproximou nos últimos meses — a ideia de que havia conseguido esse feito. A postura de Lira irritou deputados do DEM e do MDB, que não concordavam em adiar a votação.
O segundo motivo é uma medição de forças na Câmara, com vistas à sucessão de Maia propriamente dita. Arthur Lira é candidatíssimo e a saída do DEM e do MDB do bloco faz com que, a despeito das argumentações públicas, o líder do PP fique mais isolado.
Deputados ouvidos pelo site durante o dia disseram que o bloco do Centrão “dava uma falsa impressão de apoio” a Lira e que, sem DEM e MDB, o alagoano poderá fazer um cálculo mais realista de quem o apoiaria na disputa.
Por outro lado, Maia se fortalece, no entender de seus aliados. Baleia Rossi, líder e presidente do MDB, é um dos nomes colocados nos bastidores e, de olho em um eventual apoio do atual presidente da Câmara, não hesitou em deixar o bloco de Lira. No DEM, que também tem possível candidato, o deputado Elmar Nascimento, os discursos são de que o esfacelamento do bloco parlamentar mostra que Lira não tem toda a força que tenta transparecer ao Planalto em busca de um apoio velado.
Outros possíveis candidatos à sucessão de Maia são: Aguinaldo Ribeiro (PP), Marcos Pereira (Republicanos) e Marcelo Ramos (PL). O deputado Capitão Augusto (PL), líder da bancada da bala, lançou na semana passada sua pré-candidatura, buscando apoio de bolsonaristas.
Se é que Maia não embarcará num “golpe branco”, para permanecer durante mais dois anos na presidência da Câmara, assim como Davi Alcolumbre poderá tentar fazer no Senado.
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