O petismo é fruto da corrupção intelectual
O antropólogo social carioca Flavio Gordon, de 38 anos, deu uma ótima entrevista ao Estadão sobre o tema de seu novo livro, "A Corrupção da Inteligência – Intelectuais e Poder no Brasil" (Ed. Record). O Antagonista destaca um trecho...
O antropólogo social carioca Flavio Gordon, de 38 anos, deu uma ótima entrevista ao Estadão sobre seu novo livro “A Corrupção da Inteligência – Intelectuais e Poder no Brasil” (Ed. Record).
O Antagonista destaca um trecho:
“Até que ponto os intelectuais tiveram um papel tão relevante na ascensão do Lula e do PT, como o senhor diz?
O poder cultural é de muito longo prazo. Há o poder econômico, o político, o militar e o cultural. Apesar de menos impactante de imediato, no longo prazo é o poder intelectual que vai moldando o imaginário das pessoas, construindo as narrativas, sedimentando as emoções e os sentimentos das pessoas. Então, o processo de conquista do poder pelo PT foi muito de longo prazo. Isso começou com um círculo pequeno de intelectuais, quando as ideias do Gramsci começaram a chegar para valer no Brasil, nos final dos anos 1960, bem antes de o PT surgir. Aos poucos, a coisa foi se espalhando e atingindo aquelas pessoas que estão na periferia da academia, que se formaram, mas não seguiram carreira acadêmica, como jornalistas e publicitários, que são muito suscetíveis à influência desses medalhões acadêmicos. A partir daí, as ideias começaram a circular através desses mediadores e foram chegando nos valores, na indústria cultural, na televisão. Foi isso que permitiu ao PT gozar durante muito tempo de certa imunidade de críticas. O PT era tratado até pouco tempo atrás como o partido da ética. Em vários momentos, criticar o Lula era algo visto como preconceito de classe, de região. Trata-se de um mecanismo supereficiente de silenciar as críticas e de proteção aos políticos petistas.”
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