O leite derramado (não o do Chico Buarque)
Ao contrário do marqueteiro João Santana, O Antagonista gosta de retratar a vida brasileira como ela é. Por isso, o nosso compromisso é destacar, sempre que possível, histórias reais vividas por nossos leitores, que tenham como pano de fundo o mundo da política e as ações econômicas do governo.O leitor Emerson Gonçalves, produtor de leite, enviou um comentário ao post "A nova classe C volta a ser a velha classe D", no qual expõe as dificuldades que passou a enfrentar no seu ofício, com a falta de rumo da atual ocupante do Palácio do Planalto. Leia, por favor...Estou indo para o brejo. E você também vai
Ao contrário do marqueteiro João Santana, O Antagonista gosta de retratar a vida brasileira como ela é. Por isso, o nosso compromisso é destacar, sempre que possível, histórias reais vividas por nossos leitores, que tenham como pano de fundo o mundo da política e as ações econômicas do governo.
O leitor Emerson Gonçalves, produtor de leite, enviou um comentário ao post “A nova classe C volta a ser a velha classe D”, no qual expõe as dificuldades que passou a enfrentar no seu ofício, com a falta de rumo da atual ocupante do Palácio do Planalto. Leia, por favor:
Minha fatura mensal de entrega de leite comprova isso (o fim da “nova classe média”). Numa ponta da cadeia, eu produzo leite. Entrego para um laticínio, especializado em iogurtes e outros derivados. Bons produtos, grande demanda, excelente marketing, bom valor agregado, custos altos na cadeia toda e, obviamente, altos impostos. Com o crescimento da economia turbinado pela arrumação da casa feita por FHC/Malan, o consumo cresceu. Com a ascensão falsa e sem base da “nova classe média”, o consumo cresceu ainda mais. Com um pouco mais de dinheiro no bolso, as pessoas compram proteínas nobres – laticínios e carnes, principalmente. Consumo maior, melhores preços para o leite, maiores produções, mais produtores no mercado. De repente… Bom, de repente o carrinho de compras começou a sair menos cheio do mercado e a quantia de dinheiro ou o valor no checão ou no cartãozão ficou maior. Logo em seguida, com a inflação crescendo na base da pirâmide, os iogurtes começaram a ficar nas gôndolas. Outros laticínios também. E a coisa foi indo, foi indo e ainda não parou. O consumo caiu. Os mercados aumentaram dramaticamente a devolução de produtos não vendidos para a indústria, que é obrigada a recolhê-los (logística caríssima) e destruí-los. Tudo perdido, todo o processo no lixo. Os laticínios agora cortam custos. Têm de sobreviver. Sobra para nós, os produtores de leite, na ponta da cadeia (a outra ponta é o consumidor, só para deixar claro). Resumo: recebi dias atrás pelo leite que entreguei durante o mês de janeiro, um preço 2 (centavos) inferior ao preço que recebi em… junho de 2010. Quase 5 anos de defasagem! E com todos os meus custos se mantendo nos mesmos patamares. Meus vizinhos e amigos produtores xingam os laticínios. Eu explico o processo para eles e xingo a responsável número 1 por esse descalabro: a presidente dessa república bananeira. O mito lulopetista levou-nos para um buraco tremendo — e — como é um buraco imenso, o país inteiro cabe dentro dele. Emerson Gonçalves
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