“O grupo criminoso agiu e continua agindo”, diz ministro Benedito Gonçalves
Na decisão que afastou Wilson Witzel do governo do Rio, o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afirmou que o "grupo criminoso agiu e continua agindo", por isso a necessidade de afastamento do governador e da prisão preventiva dos demais envolvidos...
Na decisão que afastou Wilson Witzel do governo do Rio, o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afirmou que o “grupo criminoso agiu e continua agindo”, por isso a necessidade de afastamento do governador e da prisão preventiva dos demais envolvidos.
A decisão de Gonçalves, que não acolheu pedido de prisão de Witzel pela PGR, proíbe o acesso do governador afastado às dependências do governo do estado e a sua comunicação com funcionários e utilização dos serviços.
Na decisão, o ministro determinou a prisão preventiva de seis investigados: o empresário Mário Peixoto, Alessandro de Araújo Duarte, Cassiano Luiz da Silva, Juan Elias de Paula Gothardo Lopes Netto e Lucas Tristão do Carmo, para a garantia da ordem pública, para a conveniência da instrução criminal e para assegurar a lei penal.
Os presos e Witzel estão proibidos de manterem contato entre si e com os demais investigados, exceto se cônjuges ou pais e filhos, e com as testemunhas da investigação.
Witzel e os demais são investigados no âmbito da Operação Placebo, que trata de irregularidades na contratação de hospitais de campanha, compra de respiradores e medicamentos no contexto do combate à Covid-19.
“Os fatos não só são contemporâneos como estão ocorrendo e, revelando especial gravidade e reprovabilidade, a abalar severamente a ordem pública, o grupo criminoso agiu e continua agindo, desviando e lavando recursos em pleno pandemia da Covid-19, sacrificando a saúde e mesmo a vida de milhares de pessoas, em total desprezo com o senso mínimo de humanidade e dignidade, tornando inafastável a prisão preventiva como único remédio suficiente para fazer cessar a sangria dos cofres públicos, arrefecendo a orquestrada atuação da ORCRIM”, destacou o ministro do STJ na decisão.
O ministro Benedito Gonçalves concluiu que a partir de diligências empreendidas por ordem do STJ, bem como na primeira instâncias no âmbito das chamadas operação Favorito e Mercadores do Caos, foram colhidos até o momento elementos que comprovam a materialidade e indícios suficientes de autoria em relação a Witzel e aos seis investigados quanto aos crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de capitais.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a partir dos elementos de informação e de prova colhidos até o momento demonstram que trata-se de uma “sofisticada organização criminosa no estado do Rio composta por pelo menos três grupos de poder, encabeçada pelo governador Witzel, a qual repetiria o esquema criminoso praticado pelos dois últimos governadores – Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão”.
Para o ministro Benedito Gonçalves, o cenário encontrado pela investigação “demonstra que os crimes foram cometidos por meio de contratos ilicitamente direcionados, firmados com entidades variadas, inclusive as ligadas ao sistema de saúde – inclusive para além do campo de ações de combate à pandemia da Covid-19, tendo sido a estrutura gestada e financiada antes mesmo da eleição de Wilson Witzel para o cargo de governador do Rio, em 2018”.
O ministro Benedito manteve o sigilo do inquérito, bem como do acordo de colaboração premiada e dos depoimentos do colaborador Edmar Santos.
Witzel poderá permanecer na residência oficial e ter contato com o pessoal e serviços imediatamente a ela correspondentes.
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