O caminho de Arthur Lira, que sempre sonhou em derrotar Rodrigo Maia
No ano passado, quando Rodrigo Maia (DEM), o Botafogo das planilhas da Odebrecht, foi reeleito presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), réu por corrupção no STF, desistiu da briga na reta final. Antes, o deputado alagoano, como ocorre agora, também havia tentado formar um bloco anti-Maia, que incluiria partidos como MDB e PTB, além da centro-esquerda. "Rodrigo Maia pode ter o apoio das siglas, mas não sei se tem dos deputados", disse Lira, na época, a O Antagonista...
No ano passado, quando Rodrigo Maia (DEM), o Botafogo das planilhas da Odebrecht, foi reeleito presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), réu por corrupção no STF, desistiu da briga na reta final. Antes, o deputado alagoano, como ocorre agora, também havia tentado formar um bloco anti-Maia, que incluiria partidos como MDB e PTB, além da centro-esquerda.
“Rodrigo Maia pode ter o apoio das siglas, mas não sei se tem dos deputados”, disse Lira, na época, a O Antagonista, lembrando que a votação era — e continua sendo — secreta.
Em 2019, Lira teve dificuldades para conversar com PT, PDT, PSB e PCdoB, porque, segundo lideranças desses partidos, havia dito que não seria candidato — era um blefe temporário.
Lira atua mais nos bastidores. Quem o conhece de verdade nunca duvidou da sua vontade de chegar ao topo da Câmara. Um cacique partidário comentou com este site que o deputado alagoano é “um exímio e experiente negociador”.
“Depois do Romero Jucá, ele é o melhor nesse meio de campo. Da chamada velha guarda, é o melhor que vi atuar na Câmara.”
Ainda no ano passado, Lira se estranhou com Ricardo Barros, hoje líder do governo Bolsonaro na Câmara, que também colocara seu nome para a disputa na Câmara.
“Vou concorrer. Não estou brigado com o Lira: só que ele tem o estilo dele e eu tenho o meu, apenas isso”, afirmou Barros a este site, a dias da eleição interna.
No dia em que constatou que Maia estava praticamente reeleito, Lira confirmou que não seria candidato. E afirmou a O Antagonista:
“Eu seria candidato para ser presidente, para ganhar, não para fazer auê. Só que não conseguimos juntar os apoios, paciência, é da política.”
Para 2021, Lira tem outro correligionário no meio do caminho: Aguinaldo Ribeiro, muito amigo de Maia. Mas, desta vez, já recebeu a benção do presidente nacional do partido, o senador Ciro Nogueira, de quem é muito próximo.
Como temos dito, Lira faz contas e acredita ser “muito possível” derrotar, em fevereiro do ano que vem, o grupo de Maia, que é quem, neste momento, parece estar tendo mais dificuldade para formar uma “frente ampla”.
No ano passado, assim que Maia assumiu pela segunda vez a Presidência, depois de já ter ocupado o mandato-tampão quando da cassação de Eduardo Cunha, Lira começou a se mexer pensando quase que exclusivamente em 2021.
Cada vez com mais espaço na imprensa — os jantares valeram a pena – e, entre os pares, vendendo a imagem de “amigo de todo mundo”, ele dizia que o então candidato do DEM não conseguia entregar tudo o que prometia aos deputados. Os ataques à Lava Jato e à “hegemonia do DEM” encontraram eco no Palácio do Planalto, contribuindo para o apoio de Jair Bolsonaro, celebrado em meio à pandemia da Covid-19.
Antes, porém, de assumir a posição de rival, Lira fez gestos de proximidade com Maia. No início da tramitação da reforma da Previdência, por exemplo, o alagoano se colocou ao lado do deputado do DEM, criticando o governo de Jair Bolsonaro, que não tinha base de apoio alguma naquela oportunidade.
Ele disse a O Antagonista:
“Quem apresenta um projeto tem que lutar pela aprovação dele. Não podem colocar no nosso colo uma atribuição que é do governo, não nossa. Em meio a tantos encontros e desencontros, vamos continuar fazendo o nosso papel e ver o que pode ser feito. Mas não é o Rodrigo que tem que ficar construindo base para o governo. Simplesmente não é função dele. O governo que construa seus votos, para que o Rodrigo, como presidente da Casa e interessado na reforma, paute a matéria. É o governo que tem que conquistar os votos, não o Rodrigo.”
Por ironia — e estratégia, claro –, Lira acabou sendo um dos responsáveis pela formação da base do governo, hoje composta por partidos do Centrão, algo que o deputado diz não existir. O “Centrão raiz”, nascido na era Cunha, não só existe, como quer voltar ao comando da Câmara.
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