Novo chefe da Secom aposta em regulação contra “faroeste digital”
Sidônio Palmeira critica Meta e promete reverter crise de comunicação do governo
O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, tomou posse nesta terça-feira (14) com duras críticas à Meta, controladora do Facebook e do Instagram.
Palmeira classificou as recentes mudanças nas políticas de checagem de fatos da empresa como um ataque aos direitos fundamentais e comparou o impacto ao de um “faroeste digital”. O discurso reflete uma aposta do governo em reverter sua imagem pública e controlar os danos gerados pela desinformação nas redes.
Durante a cerimônia no Palácio do Planalto, Palmeira atacou o que chamou de manipulação promovida pela extrema-direita no ambiente digital, afirmando que “a mentira cria uma cortina de fumaça na vida real, manipula pessoas inocentes e ameaça a humanidade”.
Ele destacou ainda que as mudanças anunciadas pela Meta intensificam o negacionismo, a xenofobia e as violências raciais e de gênero, aprofundando divisões sociais e minando valores democráticos.
O novo ministro defendeu que a liberdade de expressão não pode ser utilizada como escudo para justificar manipulação e agressões, reafirmando a necessidade de regulação das plataformas digitais. “Buscaremos incentivar os processos regulatórios e garantir que a população tenha acesso às informações”, declarou Palmeira, ecoando as preocupações do governo sobre o impacto das políticas da Meta na soberania digital.
As declarações de Palmeira, porém, são vistas como mais um esforço do governo para enfrentar o crescente desgaste político. A aposta no novo ministro reflete uma estratégia de centralizar a comunicação governamental em um nome associado ao marketing político, mas que enfrenta o desafio de navegar em um cenário dominado pelas redes sociais e pela fragmentação do debate público.
A decisão da Meta de encerrar o sistema de checagem de fatos, anunciada em 7 de janeiro, foi justificada pelo fundador da empresa, Mark Zuckerberg, como uma tentativa de restaurar a liberdade de expressão.
A Advocacia-Geral da União (AGU) confirmou o recebimento da resposta formal da Meta e se comprometeu a analisar a situação em conjunto com outros órgãos do governo. A reação à medida será um teste para o governo Lula, que enfrenta dificuldades para implementar uma estratégia eficaz de comunicação em meio à turbulência gerada por sucessivas crises de imagem.
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