Novo aciona TCU por uso de Rouanet em ato que Lula pede voto em Boulos
A produtora Veredas Gestão Cultural, responsável pelo evento, captou 250 mil reais via Lei Rouanet para evento; proposta não mencionava Lula
A bancada do Partido Novo na Câmara dos Deputados entrou com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) pelo uso da Lei Rouanet na produção do ato de 1º de Maio, no qual Lula pede voto no deputado Guilherme Boulos (PSOL) para as eleições municipais em São Paulo.
A produtora Veredas Gestão Cultural, responsável pelo evento, captou 250 mil reais via Lei Rouanet.
Sediada no Rio de Janeiro, a produtora foi autorizada a levantar até 6,3 milhões de reais para o evento, mas só uma faculdade privada de medicina de Campinas (SP), a São Leopoldo Mandic, topou financiar o evento, que teve apresentações dos cantores Dexter, Afro X, Roger Deff, Ivo Meirelles, Arlindinho e Almirzinho.
Embora tenha partido de um doador privado, o dinheiro captado via lei de incentivo à cultura será abatido dos impostos devidos.
“O festival tinha como finalidade principal oferecer um evento musical como presente aos trabalhadores da cidade de São Paulo no dia 1º de maio de 2024. Não há qualquer menção na proposta à participação do presidente Lula e do pré candidato à prefeitura de São Paulo e deputado federal Guilherme Boulos no evento, à realização de ato político e tampouco ao envolvimento direto na organização do evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de outras lideranças sindicais”, diz a bancada do Novo na ação.
“O que efetivamente ocorreu no festival, no entanto, subverteu drasticamente os objetivos previstos na proposta. O evento, com público aproximado de 2 mil pessoas, basicamente composto de membros de centrais sindicais, assemelhou-se a um comício político. Em discurso inflamado aos representantes sindicais durante o festival, o presidente Lula chamou ao palco o deputado federal e pré-candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL), fez elogios ao aliado e pediu que o público votasse nele na eleição municipal de outubro”, acrescenta.
Apoio da Petrobras
Além da Lei Rouanet, o evento também foi financiado pela Petrobras e pelo Conselho Nacional do Sesi (Serviço Social da Indústria).
Ao Poder360, a estatal chefiada por Jean Paul Prates confirmou ter patrocinado o evento, por meio do programa Petrobras Cultural.
“Com o patrocínio, a Petrobras busca reforçar sua imagem como apoiadora da cultura brasileira”, disse a petroleira.
O Sesi, por sua vez, disse que “não apoia eventos políticos partidários”.
“O Conselho Nacional do Sesi não apoia eventos políticos partidários. O evento que o Conselho do Sesi apoiou foi o Ato do 1º de Maio unificado das centrais sindicais do país. Evento destinado a celebrar a luta e a organização dos trabalhadores e trabalhadoras”, afirmou.
Lula pede votos para Boulos
O presidente Lula pediu voto para Boulos abertamente por duas vezes durante seu discurso de 1º de Maio, em São Paulo.
“Eu queria dizer desse companheiro aqui: esse rapaz [Boulos], esse jovem, ele está disputando uma verdadeira guerra aqui em São Paulo. Ele está disputando com o nosso adversário nacional, ele está disputando contra o nosso adversário estadual, ele está disputando contra o nosso adversário municipal. Ele está enfrentando três adversários. Ninguém vai derrotar esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições. E eu vou fazer um apelo, cada pessoa que votou no Lula, em 1989, em 1994, em 1998, em 2006, em 2010 e em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo.”
Governo derruba vídeos
O governo derrubou ao menos dois vídeos da transmissão do ato do Dia do Trabalho, nesta quarta, 1º de maio, na Arena Neo Química, em São Paulo, durante o qual Lula pediu voto ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) nas eleições municipais da capital paulista, marcadas para outubro.
As transmissões haviam sido veiculadas nos canais oficiais do governo federal e da Presidência da República no Youtube, respectivamente, “CanalGov” e “Presidência do Brasil”.
Os links para cada um dos dois vídeos, do CanalGov e da Presidência do Brasil, redirecionam para a informação de que o conteúdo está “privado”.
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