Netanyahu não receberá pedido de desculpas de Lula, diz Amorim
Conselheiro de Lula, do Itamaraty paralelo, afirma ser "praticamente impossível" o diálogo com o primeiro-ministro israelense
Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, negou a possibilidade de o presidente Lula se desculpar ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por suas falas comparando a ofensiva militar de Israel em Gaza ao Holocausto.
Em entrevista à Folha, Amorim disse ainda estar pessimista quanto às chances de diálogo com o governo israelense em meio à guerra contra o Hamas, que ele, como Lula, classifica como “genocídio”.
“Eu acho praticamente impossível [diálogo com Netanyahu]. Pode ser que mude de atitude; eu sou um pouco pessimista. Obviamente esse governo não quer que exista a Palestina, nem em Gaza nem na Cisjordânia. Uma das declarações citada pela África do Sul, mas repetida pela Corte, é de que não há inocentes. Se não há inocentes, é preciso eliminar todo mundo. Diferenciar isso de genocídio é muito difícil.”
Sobre a cobrança para que Lula peça desculpas por sua declaração, Amorim afirmou:
“Vai ficar pedindo. Se é que ele [Netanyahu] está insistindo mesmo. Não sei se ele faz isso por demagogia interna ou por qualquer outra razão, mas certamente se ele está esperando isso não vai receber.”
Lula não é bem-vindo em Israel
Em visita ao memorial do Holocausto, onde se reuniu com o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, disse na última segunda-feira, 19, que o presidente Lula não é bem-vindo em Israel.
“Não esqueceremos nem perdoaremos. É um ataque antissemita grave. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel – digam ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que o retire”, afirmou.
Quem mais defendeu Lula?
Além de Celso Amorim, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, endossou as declarações de Lula.
Para a parlamentar, as palavras do presidente brasileiro foram “claramente” dirigidas ao governo israelense e, sem citar as vítimas israelenses dos ataques de 7 de outubro de 2023, ela afirmou que “nada é tão cruel quanto o que vem sofrendo o povo palestino”.
O líder do MST, João Pedro Stélide, também elogiou a “coragem” de Lula por comparar a operação militar de Israel em Gaza ao Holocausto.“Saúdo a coragem de nosso presidente Lula que comparou o que os sionistas estão fazendo agora em Gaza com o nazismo. Um genocídio injustificável desse governo direitista de Israel e que envergonha o povo judeu no mundo”, afirmou.
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