MPF: ROBERTO TEIXEIRA PEDIU 1 MILHÃO EM ESPÉCIE
Na denúncia da Operação E$quema S, o MPF do Rio narra como Orlando Diniz buscou o auxílio do advogado Roberto Teixeira para tentar estancar uma fiscalização na Fecomércio dirigida por Carlos Gabas, conselheiro fiscal da CNC e ex-ministro da Previdência de Lula e Dilma. O contato foi intermediado por Fernando Hargreaves. Segundo o MPF, Teixeira cobrou R$ 10 milhões, mas exigiu que R$ 1 milhão fosse entregue em espécie...
Na denúncia da Operação E$quema S, o MPF do Rio narra como Orlando Diniz buscou o auxílio do advogado Roberto Teixeira para tentar estancar uma fiscalização na Fecomércio dirigida por Carlos Gabas, conselheiro fiscal da CNC e ex-ministro da Previdência de Lula e Dilma.
O contato foi intermediado por Fernando Hargreaves. Segundo o MPF, Teixeira cobrou R$ 10 milhões, mas exigiu que R$ 1 milhão fosse entregue em espécie e que o contrato fosse feito em nome de Diniz e não da Fecomércio.
“A ilicitude dos fins pretendidos, longe da defesa legítima de ORLANDO DINIZ diante das constatações (verdadeiras) de desvios pelo Conselho Fiscal do SESC Nacional, restou patente pela forma exigida para formalizar o contrato: a Fecomércio/RJ não poderia aparecer como ‘contratante’, mas a pessoa física de ORLANDO; e, do, pagamento total de R$ 10.000.000,00 pedido por ROBERTO TEIXEIRA, o sinal, de R$ 1.000.000,00 teria que ser entregue em dinheiro, em São Paulo”, diz o MPF, citando a delação do próprio Diniz.
O hoje delator narra que “QUE, ainda no início de 2012, foi marcado um encontro, intermediado por Fernando Hargreaves, no bar da piscina do Copacabana Palace, pois o grupo que veio de S.o Paulo (Roberto Teixeira, Cristiano Zanin e sua esposa, Valeska Teixeira) supostamente estava hospedado; QUE, participaram também da reunião o colaborador, Daniele Paraíso e Fernando Hargreaves, este último, responsável por fazer a ponte entre as partes; QUE, durante o encontro, foi apresentado o caso e ficaram de marcar um novo encontro, visto que Roberto Teixeira afirmou que seria necessário fazer consultas para responder se poderia ou não ser contratado.”
O colaborador entendeu que o valor pago por fora seria “destinado à área política”, uma vez que não havia discussão de soluções jurídicas com Teixeira e Zanin. Em sua delação, Diniz detalhou como foi feito o pagamento do R$ 1 milhão por meio do doleiro Álvaro Novis – a versão foi confirmada pelo próprio também em colaboração.
“QUE se recorda que em 2012 ORLANDO contou ao depoente que, como presidente da FECOMERCIO, estava brigando com um órgão que ficava acima da FECOMERCIO, com um senhor; QUE indagado confirmou que o órgão era a CNC, sendo que esse senhor que presidia o órgão queria tirar ORLANDO da presidência da FECOMERCIO; QUE se recorda que nesse mesmo ano de 2012 ORLANDO disse que estava com esses problemas mas que já estava resolvendo, a partir de uma pessoa ligada ao PT; QUE se recorda que essa pessoa era ROBERTO TEIXEIRA, que seria forte em São Paulo e com influência no PT; QUE ORLANDO era muito vaidoso e contava essas coisas; QUE lembra que nesse mesmo ano de 2012 ORLANDO pediu para o depoente entregar R$ 1 milhão em São Paulo.”
Ao MPF, Orlando Diniz explicou que os R$ 9 milhões restantes foram pagos por meio de contratos simulados entre o escritório de Teixeira e a própria Fecomércio, pois ele não teria condições de movimentar tal soma.
“QUE, após o pagamento acima relatado, o colaborador se encontrou com Roberto Teixeira e Cristiano Zanin para renegociar a forma de contratação também, pois o colaborador não tinha como arcar com os R$ 9.000.000,00 (nove milhões de reais) que faltavam para quitar o contrato por ele assinado inicialmente; QUE o colaborador, então, propôs que fosse estabelecido um novo modelo de contratação, no qual o valor devido seria diluído em contratos a serem firmados entre a Fecomércio e o escritório Teixeira, Martins Advogados ; QUE Roberto Teixeira aceitou que a contratação fosse deste modo repactuada; QUE o contrato anterior, firmado entre o escritório e a pessoa física do colaborador, foi destruído posteriormente; QUE os R$ 9.000.000,00 (nove milhões de reais) restantes, na verdade, totalizariam quase R$ 9.500.000,00 (nove milhões e meio de reais); QUE esse valor foi distribuído em três contratos, firmados entre o final de 2012 e o início de 2013.”
Segundo o MPF, passou a ser comum “ao longo da trajetória da Orcrim que alguns escritórios do ‘núcleo duro’ comandassem as ações concernentes à escolha e negociação de valores que seriam contratados não somente em relação a escritórios com expectativa da prática de corrupção junto ao Poder Judiciário e ao TCU, mas também de outros que eram escolhidos para ficar na linha de frente da atuação judicial lícita, alguns inclusive percebendo valores compatíveis com o mercado, outros nem tanto, como o HARGREAVES ADVOGADOS.”
Ao todo, o escritório de Teixeira e Zanin recebeu da Fecomérico ao longo dos anos mais de R$ 67,5 milhões. Na investigação, o MPF descobriu que os advogados forjaram as prestações de contas para tentar ludibriar as autoridades, incluindo serviços jurídicos e pareceres de terceiros – lembrando como Luleco tentou forjar suas consultorias com trabalhos extraídos do Wikipedia.
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