MP recorre de soltura de Gil Rugai, condenado pela morte do pai
Promotoria de São Paulo questiona a progressão de pena concedida ao ex-seminarista, condenado por duplo homicídio
O Ministério Público de São Paulo entrou com recurso contra a decisão judicial que permitiu a Gil Rugai, ex-seminarista condenado pelo assassinato do pai e da madrasta, a progressão para o regime aberto.
Rugai foi condenado em 2013 a 33 anos de prisão, mas já estava preso desde 2004, quando os homicídios ocorreram.
O recurso, protocolado pela promotora de Justiça Mary Ann Nardo na noite desta quinta-feira, 15, surge um dia após a soltura de Rugai. Em uma manifestação anterior, em julho deste ano, o Ministério Público já havia se oposto à concessão do regime aberto, apontando a gravidade dos crimes cometidos e o significativo tempo restante da pena. Nessa ocasião, a promotora também solicitou que Rugai fosse submetido a uma avaliação psicológica.
Segundo o relatório dessa avaliação, Rugai apresenta fantasias que podem causar perda de controle sobre seus impulsos motores, o que poderia resultar em “reações mais intensas, incluindo mudanças repentinas de humor, instabilidade emocional e agressividade, com pouca consideração pelas circunstâncias externas“, registrou reportagem da Folha de S. Paulo.
Caso Gil Rugai
Gil Rugai foi condenado pelo duplo homicídio do empresário Luiz Rugai e de sua esposa, Alessandra Troitino, ocorridos em 2004 na residência do casal, localizada no bairro de Perdizes, zona oeste de São Paulo. As investigações apontaram que Rugai foi o autor dos disparos que mataram seu pai e madrasta.
Entre as evidências levantadas contra Rugai estava uma marca de sapato deixada na porta da sala de vídeo, onde Luiz Rugai teria tentado se esconder. Os exames realizados indicaram que a pessoa que arrombou a porta possuía lesões nos pés, o que foi posteriormente confirmado por exames de ressonância magnética realizados no ex-seminarista.
Adicionalmente, descobriu-se que, dias antes dos assassinatos, as vítimas haviam trocado as fechaduras da casa, onde Gil Rugai morava até pouco tempo antes dos crimes. No entanto, a fechadura da porta dos fundos não foi substituída, o que permitiu o acesso do assassino ao interior da residência.
Provas e motivações
No dia do crime, nenhuma evidência de roubo foi encontrada na casa. Durante as investigações, a polícia localizou uma nota fiscal de compra de um coldre para pistola calibre 380, o mesmo tipo de arma utilizada nos assassinatos, além de munição e um certificado de conclusão de curso de tiro em nome de Gil Rugai.
A polícia também considerou que o crime poderia estar relacionado a desentendimentos financeiros entre Gil Rugai e seu pai. O jovem foi afastado da empresa da família, a Referência Filmes, após ser acusado de desviar cerca de R$ 100 mil. Como resultado, ele foi demitido do departamento financeiro da empresa. A madrasta, Alessandra Troitino, chegou a proibir que Gil movimentasse as contas da empresa no banco.
Uma pistola, que se provou ser a arma do crime, foi descoberta em um esgoto durante a limpeza de um prédio nos Jardins, bairro onde Gil Rugai mantinha um escritório. Os peritos confirmaram que essa arma foi utilizada nos assassinatos.
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