Mortes em Belo Horizonte e no estado: não culpem apenas a chuva
Cinquenta e três pessoas morreram em Minas Gerais, em cinco dias, arrastadas pelas águas das chuvas ou soterradas por encostas que desabam por infiltração. Belo Horizonte, a capital mineira, é um cenário de devastação como nunca se viu...
Cinquenta e três pessoas morreram em Minas Gerais, em cinco dias, arrastadas pelas águas das chuvas ou soterradas por encostas que desabam por infiltração. Belo Horizonte, a capital mineira, é um cenário de devastação como nunca se viu.
É um erro, no entanto, atribuir tamanha mortandade e os imensos prejuízos materiais apenas às chuvas. Desculpe-nos chover no molhado, mas eles são consequência da falta de urbanismo decente, de saneamento, de educação — e de vergonha na cara dos políticos.
Nossas cidades, não só as de Minas Gerais, têm pirambeiras onde não poderiam ter sido construídas casas e erguidos barracos — e que ali permanecem por falta de habitação, fiscalização e excesso de demagogia. Córregos canalizados mal e porcamente ou cheios de lixo foram incluídos na paisagem como se fossem a coisa mais normal do mundo. Galerias pluviais estreitas e com ligações clandestinas de esgoto não dão conta nem mesmo de chuvas medianas que alagam o solo impermeabilizado de maneira selvagem. Cidadãos e empresas usam os espaços públicos — rios, inclusive — para descarregar entulho e toda sorte de tralha e imundícies.
As nossas cidades não merecem ser chamadas como tal. São, na verdade, arapucas armadas por administradores ineptos, corruptos, eleitos por uma gente incapaz de ver o que se esconde atrás da chuva e calculadamente mantida nessa cegueira.
A nossa tragédia, infelizmente, já dura há muito tempo e a previsão é a de que não terminará tão cedo. Fenômenos naturais extremos continuarão a ser amplificados pela incompetência, a ignorância e a roubalheira.
É a lama, é a lama.
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