Moro fez uma pergunta simples a Gabrielli
José Sérgio Gabrielli teve imensa dificuldade em responder a uma pergunta do juiz Sergio Moro: "Por que Nestor Cerveró foi substituído...
José Sérgio Gabrielli teve imensa dificuldade em responder a uma pergunta do juiz Sergio Moro: “Por que Nestor Cerveró foi substituído na diretoria internacional por Jorge Luiz Zelada?”.
A resposta deveria ser simples, já que Gabrielli era presidente da Petrobras e Cerveró era um de seus diretores. Mas Gabrielli enrolou, enrolou e não conseguiu dar uma explicação direta. Foram várias tentativas de resposta.
Na primeira, Gabrielli tentou uma evasiva: “Houve uma decisão do conselho de administração de substituí-lo. As razões objetivas, por que o conselho quis essa substituição, eu não sei”, respondeu.
Moro perguntou, então, se Gabrielli não participava do conselho de administração, ao que o ex-presidente da estatal respondeu que sim. Em seguida, o juiz insistiu se Gabrielli não havia tido sequer curiosidade de saber por que um de seus diretores seria substituído.
Na segunda tentativa de responder, Gabrielli começou a se alongar:
“Na realidade houve uma solicitação dos representantes do governo para haver a substituição. A motivação não foi apresentada, e o Zelada era um gerente executivo com condições de assumir a diretoria internacional“.
Na sequência (mais lógica possível), o juiz perguntou quem foi o representante do governo que fez a solicitação da troca de Cerveró.
Gabrielli respondeu: “Tenho a impressão de que foi o presidente do conselho (no caso, o ex-ministro Guido Mantega)”.
O juiz insistiu mais uma vez: “Mas o senhor fazia parte desse conselho de administração, e (mesmo assim) não chegou nem a querer saber o motivo, a razão (da troca do diretor)?”.
Já era a terceira tentativa de resposta, e Gabrielli afirmou (titubeando e gaguejando um pouco):
“O conselho, na realidade, funciona muito sob a orientação da posição do governo“.
O juiz — compreensivelmente insatisfeito com a resposta — indagou mais uma vez: “Mas o senhor não sabia por que iriam trocar um diretor da sua companhia? Não sabia nem minimamente a razão disso?“.
Gabrielli tentou pela quarta vez:
“Na verdade, nós estávamos pensando em fazer uma redefinição da diretoria internacional da Petrobras. A discussão do conselho era tentar diminuir o tamanho da diretoria, uma vez que nós tínhamos mudado a estratégia (o plano era investir praticamente tudo no Brasil)… Ao redefinir a diretoria internacional, nada mais normal do que alterar a sua diretoria.”
Agora parecia tudo explicado, e Moro perguntou para arrematar: “O motivo foi esse, então, o redimensionamento (da área internacional)?”.
Gabrielli não teve coragem de ser categórico. Disse: “Essa foi uma das discussões que nós tivemos, a de redimensionar a diretoria internacional”.
É sempre mais difícil responder diretamente a uma questão quando não se pode falar a verdade.
Nesse caso, a verdade passa por uma sigla de quatro letras: PMDB. Gabrielli se esquivou de pronunciá-la quanto pôde. Para seu infortúnio, Moro teve paciência e não esqueceu.
Mas este assunto fica para o próximo post (mais curto certamente).
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