Ministério da Saúde sabia de contaminação por HIV em transplantes?
Apesar de ciente do problema, o ministério só adotou medidas mais efetivas depois que a contaminação foi confirmada
O Ministério da Saúde foi notificado em 13 de setembro sobre o caso de seis pacientes contaminados com HIV após receberem órgãos de doadores infectados no Rio de Janeiro, segundo matéria da Band.
Apesar de ciente do problema, o ministério só adotou medidas mais efetivas depois que a contaminação foi confirmada. A pasta orientou a Central de Transplantes do Rio a revisar os protocolos e a notificar os hospitais e equipes responsáveis pelos procedimentos, mas o estrago já estava feito: seis receptores foram infectados com o vírus.
A contaminação ocorreu por falhas nos laudos emitidos pelo laboratório PCS Lab Saleme, responsável por atestar a compatibilidade e sanidade dos órgãos. O caso ganhou um novo capítulo quando Jacqueline Iris Bacellar de Assis, funcionária do laboratório e uma das responsáveis pela assinatura dos laudos errados, se entregou à Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Jacqueline, que estava foragida, assinou os documentos utilizando o registro profissional de outra pessoa, liberando, assim, o uso de órgãos de doadores soropositivos.
Além de Jacqueline, o dono do laboratório, Walter Vieira, e o técnico Ivanilson Fernandes, responsável pela análise das amostras, foram presos na última segunda-feira, 14. Ambos são acusados de participação direta nas falhas que resultaram na contaminação dos receptores. O Ministério da Saúde, desde a notificação em setembro, passou a monitorar de perto os pacientes contaminados, recomendando a retestagem das amostras e o início imediato de tratamento antirretroviral.
A gravidade do caso expôs fragilidades no processo de doação e recepção de órgãos no Brasil, levantando questionamentos sobre a segurança do sistema de transplantes.
O Ministério da Saúde, em nota oficial, reforçou que a integridade do Sistema Nacional de Transplantes e a segurança dos pacientes são prioridades absolutas, e que seguirá acompanhando de perto as investigações conduzidas pela Vigilância Sanitária e pela Anvisa.
Dr. Luizinho nega ligação com laboratório
O laboratório PCS Saleme tem como sócios o primo de Dr. Luizinho, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, e seu tio por afinidade, Walter Vieira. Além disso, sua irmã, Débora Lúcia Teixeira, trabalha na Fundação Saúde, órgão responsável por assinar o contrato milionário com o laboratório.
Dr. Luizinho ocupou o cargo de Secretário de Saúde do Rio de Janeiro de janeiro a setembro de 2023. Embora o contrato com o PCS Saleme tenha sido assinado em dezembro de 2023, três meses após sua saída, o processo de contratação se arrastou por mais de três anos, período em que ele era o chefe da pasta.
Durante seu mandato, o laboratório recebeu quase R$ 20 milhões em pagamentos do governo estadual, evidenciando a relevância econômica dos contratos firmados entre a empresa e o estado.
O Ministério Público instaurou um inquérito para investigar irregularidades na licitação que contratou o PCS Saleme, incluindo uma possível interferência de Dr. Luizinho. O político, por sua vez, nega ter participado diretamente da contratação e afirma que conhece o laboratório há mais de 30 anos.
Ele lamentou o ocorrido e defendeu punições rigorosas para os responsáveis.
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