Ministério da Saúde avalia terceira dose para idosos acima de 80 anos vacinados com Coronavac
Diante dos recentes casos de Covid entre idosos que receberam as duas doses da Coronavac, o núcleo que cuida do Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde abriu diálogo com a comunidade científica para a elaboração de estudos sobre a aplicação de uma terceira dose com o imunizante da AstraZeneca...
O núcleo que cuida do Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde abriu diálogo com a comunidade científica para a elaboração de estudos sobre a aplicação de uma terceira dose em idosos acima de 80 anos que foram vacinados com Coronavac.
Fontes da pasta confirmaram a O Antagonista que a preocupação surgiu após a divulgação do estudo do grupo Vaccine Effectiveness in Brazil Against COVID-19 (Vebra Covid-19), que mostrou uma queda significativa da eficácia da Coronavac em idosos dessa faixa etária.
A pesquisa, que envolveu 15,9 mil idosos, confirmou eficácia de 61,8% entre vacinados de 70 a 74 anos, de 49% entre 75 e 79 anos, e de apenas 28% acima dos 80 anos. “Essa queda de efetividade acima de 80 anos nos preocupou”, disse a O Antagonista o infectologista Júlio Croda, que integra o Vebra Covid-19.
Segundo ele, é preciso a partir de agora ajustar a estratégia de vacinação, conforme, claro, a disponibilidade de vacinas. Pfizer e AstraZeneca já demonstraram maior efetividade em grupos acima de 80 anos e poderiam ser usadas como “dose de reforço”.
“É importante realizar estudos que gerem evidências científicas capazes de guiar o processo de vacinação para uma nova etapa”, afirma Croda. “Teoricamente, uma terceira dose do mesmo imunizante acaba produzindo a mesma resposta imunológica, enquanto podemos suscitar outro tipo de resposta celular utilizando outro imunobiológico.”
Estudos já mostram que a Pfizer tem melhor resposta em grupos de 12 a 18 anos de idade. “Poderíamos optar pela AstraZeneca para idosos acima de 80 anos e manter a Coronavac para adultos das demais faixas etárias”, diz ele.
Em depoimento ontem à CPI da Covid, Dimas Covas saiu pela tangente quando foi questionado sobre a necessidade de uma terceira dose ou quanto à divulgação de imunogenicidade da vacina. Mas o debate, sem politização, é tão necessário quanto inevitável.
O estudo do grupo Vebra é o mais consistente realizado até hoje com a Coronavac, ao envolver 15,9 mil idosos. Ele mostrou também que a vacina é eficaz contra a variante P.1 e que idosos acima de 70 anos precisam, sim, das duas doses previstas — o que deve levar o Ministério da Saúde a fazer uma busca ativa de vacinados com a primeira dose para promover o reforço.
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