Michelle Bolsonaro transforma batom em símbolo de ato na Paulista
Ex-primeira-dama também fez um pelo ao ministro Luiz Fux, do STF: “Sei que o senhor é um juiz de carreira e não vai jogar o seu nome na lama”

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) discursou neste domingo, 6, na Avenida Paulista, em São Paulo, durante a manifestação em defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Em sua fala, ela criticou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e transformou o batom — usado pela cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos para escrever “Perdeu, mané” na estátua da Justiça, em frente ao STF — em símbolo da mobilização.
“Queremos dizer, queridos, em especial para as nossas meninas aqui representadas por aquele ato que nossa vereadora Priscila Costa fez em Copacabana: o batom. Batom que representa Débora”, afirmou.
Em seguida, evocou um trecho bíblico para elevar Débora à condição de símbolo da causa bolsonarista: “Hoje, a nossa Débora, uma mulher comum, cabeleireira, se torna símbolo da luta pela justiça no nosso Brasil”.
Apelo a Fux
Débora ficou presa por mais de dois anos e passou à prisão domiciliar no fim de março. Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram por uma pena de 14 anos à cabeleireira, somando cinco crimes. O ministro Luiz Fux, no entanto, pediu vista, adiando a conclusão do julgamento.
Michelle aproveitou o ato para fazer um apelo a Fux:
“Luiz Fux, eu sei que o senhor é um juiz de carreira e não vai jogar o seu nome na lama. Nós temos aqui a Adalgiza, de 64 anos, que está doente. Não deixe a Adalgiza morrer, Luiz Fux. Não faça com essa mulher o que fizeram com o Clezão”, disse, em referência a Cleriston Pereira da Cunha, que morreu na prisão enquanto aguardava julgamento.
A ex-primeira-dama também criticou as penas aplicadas pelo STF aos réus do 8 de Janeiro.
“Eu estava vendo, pastor Silas, o artigo 65 da lei 9605/98. Pichação, grafite ou danificar monumento urbano tem pena de três meses a um ano. A multa varia de R$ 800 a R$ 10 mil. A nossa Débora pegou 14 anos de prisão com multa de R$ 30 milhões. Um milhão por ano”, afirmou.
“Débora escreveu uma frase em um monumento que foi apagado com água e sabão, como vocês viram.”
Michelle também mencionou Eduardo Bolsonaro, deputado federal que se autoexilou nos Estados Unidos.
“Aqui estão os três meninos do meu marido, faltando um. O Eduardo, nosso Duda, está longe, renunciando à sua vida e à convivência com seus filhos pequenininhos. Está mandando uma mensagem para o mundo sobre a injustiça que estamos passando no Brasil”, disse, pedindo um grito de “força Eduardo” ao final do discurso.
Em um gesto de abertura religiosa, Michelle abraçou o padre Kelmon e um pai de santo durante o ato. Também mencionou um rabino presente no evento que, segundo ela, não conseguiu subir no carro de som.
Ato na Paulista
Convocada pelo pastor evangélico Silas Malafaia, a manifestação foi o primeiro grande ato bolsonarista após o STF aceitar denúncia contra Jair Bolsonaro e outros sete investigados por tentativa de golpe em 2022.
O ex-presidente participou do ato ao lado de Michelle e de sete governadores aliados: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Jorginho Mello (PL-SC), Romeu Zema (Novo-MG), Wilson Lima (União-AM), Mauro Mendes (União-MT), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União-GO). A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), também esteve presente.
Músicas em ritmo de sertanejo e trap foram tocadas em homenagem a Débora, com frases como “com o batom na mão, ela acordou a nação” e críticas às punições consideradas desproporcionais.
Cartazes e performances também reforçaram a figura da cabeleireira como mártir.
Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada neste domingo, 56% dos brasileiros são contrários à anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.
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Comentários (1)
Fabio B
07.04.2025 10:17Desproporcional? Talvez. Mártir? Nunca. Essa senhora do batom largou os filhos, a família, para bancar a revolucionária de boutique, participando de quebra quebra e pedindo golpe de Estado. No mínimo uma irresponsável e criminosa. Agora querem transformar pichação em heroísmo e golpe em patriotismo? Se tivesse conseguido o que queria, estaria rindo e comemorando da nossa cara enquanto os "inimigos do regime" (qualquer voz crítica) estariam sendo "silenciados".