Mensagens em celulares de aliados de Bolsonaro evidenciam plano de golpe, diz PF
A Polícia Federal encontrou áudios e mensagens de aliados de Jair Bolsonaro que evidenciam a articulação de um plano de golpe de Estado, diz O Globo. Investigadores afirmam...
A Polícia Federal encontrou áudios e mensagens de aliados de Jair Bolsonaro (à esquerda na foto) que evidenciam a articulação de um plano de golpe de Estado, diz O Globo. Investigadores afirmam que a suposta trama consistia em incitar ataques ao STF, hostilizar o sistema eleitoral do país, convencer a cúpula do Exército a rejeitar a vitória de Lula e prender o ministro Alexandre de Moraes. Segundo a reportagem, a PF chegou a essa conclusão após a análise de áudios e prints encontrados nos arquivos de um celular do major reformado do Exército Ailton Gonçalves Barros durante investigação que mira Mauro Cid (à direita na foto), ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, entre outros alvos.
“A investida antidemocrática, aponta a PF, foi discutida pelo major reformado do Exército Ailton Gonçalves Barros, pelo coronel Elcio Franco e por um militar ainda não identificado. Os diálogos, de acordo com os investigadores, ‘deixam evidente a articulação conduzida por Ailton Barros e outros militares, para materializar o plano de tentativa de golpe de Estado no Brasil, em decorrência da não aceitação do resultado da eleição presidencial ocorrida em 2022, visando manter no Poder o ex-Presidente da República Jair Bolsonaro e restringir o exercício do Poder Judiciário brasileiro, por meio da prisão do Ministro Alexandre de Moraes, do STF'”, afirma o jornal.
No final do mês passado, Moraes concordou que os diálogos indicam uma articulação de uma tentativa de golpe e ordenou o “compartilhamento integral” do material com o inquérito que apura a responsabilidade de autoridades pelo 8 de janeiro.
“Entre as mensagens que chamaram a atenção da PF, estão dois prints (capturas de tela) de uma conversa entre Barros e um contato denominado ‘PR 01’, ‘possivelmente relacionado ao ex-presidente Jair Bolsonaro’. Essas imagens foram deletadas e, em seguida, enviadas a Cid. A primeira tratava da intenção de grupos organizadores dos atos de 7 de setembro de 2021 de acamparem em Brasília em 31 de março, data do golpe de 1964. O objetivo era pressionar os onze ministros do STF a ‘saírem de suas cadeiras‘. A segunda sugeria inserir nesses movimentos temas de interesse de Bolsonaro como a defesa do impeachment do ministro Alexandre de Moraes e o ataque às urnas eletrônicas. Não é possível saber se o ex-ajudante de ordens respondeu”, diz outro trecho da reportagem.
A PF alega que há fortes indícios de que Barros não só tinha proximidade com Cid, atualmente preso, mas também mantinha contato direto com Bolsonaro e se “dispôs a incitar grupos de manifestantes para aderirem a pautas antidemocráticas do interesse do ex-presidente da República”. Na eleição passada, Barros divulgou em sua campanha a deputado estadual no Rio um áudio em que Bolsonaro o chamava de “segundo irmão”. Além disso, em outubro, o militar acompanhou o então presidente durante a votação no segundo turno na Vila Militar, na capital fluminense.
Procurado pelo jornal, o advogado Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, disse que Bolsonaro e Barros não tinham proximidade. De acordo com Wajngarten, houve tentativas de aproximação por parte de Barros durante o período eleitoral, mas os dois nunca mantiveram diálogos de teor antidemocrático. A defesa de Barros não foi localizada. O criminalista Bernardo Fenelon, que assessora Cid, não comentou o caso.
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