Mendonça defende evangélicos de denúncia sobre “narco-milícia”
Indicado por Jair Bolsonaro para o STF como um "ministro terrivelmente evangélico", Mendonça saiu em defesa da comunidade religiosa após Gilmar mencionar “narco-milícia evangélica”
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça (foto) divulgou uma nota pública nesta quarta-feira, 13, para defender a comunidade evangélica após o decano do STF, Gilmar Mendes, mencionar em entrevista a existência de uma “narco-milícia evangélica”.
Mendes relatou em entrevista à Globo News, na segunda-feira, 11, que ouviu em audiência promovida pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso, denúncia sobre uma “narco-milícia evangélica, que aparentemente se dá no Rio de Janeiro”. “Portanto, haveria já um acordo entre narcotraficantes e milicianos integrados a uma rede evangélica”, comentou Gilmar.
Indicado por Jair Bolsonaro para o STF como um “ministro terrivelmente evangélico”, Mendonça achou por bem comentar o assunto em nota pública, e saiu em defesa dos evangélicos.
“Fala grave, discriminatória e preconceituosa“
Na nota, o ministro critica o orador mencionado por Gilmar. “Importa notar o grau de generalidade que teria sido dado pelo orador presente em referida reunião”, diz o ministro, fazendo referência às expressões “narco-milícia” e “rede evangélica” citadas pelo colega.
“Se isso ocorreu, trata-se de fala grave, discriminatória e preconceituosa, pois dirigida a uma comunidade religiosa em geral. De outra parte, posso afirmar, com muita segurança, que se há uma rede evangélica nesse país, ela é composta por mais de 1/3 da população, a qual se dedica sistematicamente a prevenir a entrada ou retirar pessoas do mundo do crime, em especial, aqueles relacionados ao tráfico e uso de drogas, que tanto sofrimento causam às famílias brasileiras”, comenta.
Ele segue: “Consigno que a atuação dos evangélicos (assim como a de outras representações religiosas) nas comunidades e nas periferias deste país reconhecidamente está vinculada a obras sociais, mitigando a ausência do Estado e lacunas históricas do poder público em temas relacionados à educação, cultura e saúde entre outros”.
“Oportunista”
Mendonça finaliza dizendo que “se pessoas que se dizem ou se fazem passar por evangélicas estão envolvidas nesse tipo de conduta criminosa, afirmo, com total segurança, que o segmento evangélico é o maior interessado na apuração desses fatos”.
“Assim, as pessoas e autoridades que têm conhecimento a respeito da prática dos referidos crimes devem dar o devido encaminhamento ao assunto. Espera-se, assim, que eventuais condutas ilícitas dessa natureza sejam objeto de responsabilização, independente da religião professada de forma hipócrita, falsa e oportunista por quem quer que seja”, termina o texto,
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)