Máfia italiana é presa no Brasil
A Operação Arancia expôs um esquema de lavagem de dinheiro da Cosa Nostra no Brasil, resultando na prisão de mafiosos e apreensões no Brasil e na Europa.
O elo entre a máfia siciliana, a Cosa Nostra, e o Brasil tem origem em três nomes: Giuseppe Calvaruso, Giuseppe Bruno e Pietro Ladogana. Os três estão presos – um sob suspeita de encomendar o assassinato de um delator, outro como ‘tesoureiro’ da máfia e já condenado a 16 anos de prisão na Itália, e o terceiro o ‘herdeiro’ da organização.
A tríade foi alvo da Equipe Conjunta de Investigação, uma força-tarefa de autoridades brasileiras e italianas na Operação Arancia, que impediu o avanço da organização no Rio Grande do Norte e na Paraíba.
Na região nordeste do Brasil, a Cosa Nostra plantou raízes e criou um audacioso esquema de lavagem de dinheiro, movimentando cerca de R$ 300 milhões provenientes do tráfico e extorsões na Itália. Investigadores estimam que o valor total movimentado pela máfia seja dez vezes maior.
Quem são Giuseppe Calvaruso, Giuseppe Bruno e Pietro Ladogana?
Os três indivíduos mencionados desempenharam papéis cruciais no esquema da máfia. Giuseppe Calvaruso está sob custódia na Itália, enquanto Pietro Ladogana cumpre pena no presídio estadual de Alcaçuz (RN) e Giuseppe Bruno foi preso pela Polícia Federal em agosto. Todos foram denunciados por envolvimento em organização criminosa internacional e lavagem de dinheiro na operação Arancia.
Como a Cosa Nostra Operava no Brasil?
Utilizando empresas de fachada, os três líderes da Cosa Nostra adquiriram milionários bens no Brasil, principalmente no Rio Grande do Norte e na Paraíba. Entre os investimentos estavam um restaurante refinado em Natal, apartamentos em Cabedelo (PB), uma casa de luxo em um resort de Bananeiras (PB) e um grande loteamento residencial em Extremoz (RN). A Procuradoria Federal rastreou esses bens e a Justiça bloqueou a matrícula de 100 imóveis adquiridos pelo grupo.
Quais Foram as Consequências da Operação Arancia?
A Operação Arancia revela que Pietro Ladogana começou a fazer investimentos corporativos e imobiliários com recursos da máfia já em 2019. Sua atuação foi desmantelada quando a Procuradoria de Palermo identificou sua parceria com Bruno e Calvaruso. Em 2014, Pietro foi preso sob suspeita de encomendar o assassinato de Enzo Albanese, seu delator, que havia revelado às autoridades brasileiras o envolvimento do mafioso em esquemas de lavagem de dinheiro no Rio Grande do Norte.
O Impacto das Prisões no Esquema da Máfia
A prisão de Pietro criou um problema para Calvaruso e Bruno, que ficaram responsáveis pela administração dos investimentos no Brasil. Giuseppe Bruno, enviado ao Brasil em 2016, deu continuidade aos “projetos empresariais” da máfia. Calvaruso, conhecido como o ‘boss-manager’ da Cosa Nostra, geria o caixa da máfia com hegemonia. Foi preso pela primeira vez em 2002 e, após uma breve liberdade, se mudou para o norte da Itália, de onde coordenava as operações no Brasil até ser capturado em 2021.
O Futuro da Cosa Nostra no Brasil
A prisão dos principais líderes da Cosa Nostra no Brasil enfraqueceu significativamente a organização. Segundo a Procuradoria, o grupo havia montado uma estrutura complexa de empresas de fachada, movimentando milhões de reais com a ajuda de ‘laranjas’. Hoje, Giuseppe Calvaruso está confinado no Presídio de Spoleto, sob regime rigoroso devido à sua periculosidade e liderança sobre a máfia.
Os desdobramentos das investigações e prisões mostram que, mesmo fora de sua terra natal, a Cosa Nostra conseguiu fincar raízes e criar uma rede de lavagem de dinheiro no Brasil. O trabalho conjunto das autoridades brasileiras e italianas foi crucial para desmantelar essa operação e evitar que a máfia se consolidasse ainda mais em território brasileiro. Este episódio revela a importância da cooperação internacional no combate ao crime organizado e a necessidade constante de vigilância e ação contra esquemas que transcendem fronteiras.
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