Luís Roberto Barroso vence Bolsonaro
Na sua busca doentia por inimigos, Jair Bolsonaro elegeu o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, como um deles, em 2021, na sua cruzada insana pela instauração do voto impresso -- e encontrou, no ministro, o pior adversário que Jair Bolsonaro poderia ter. Inclusive, porque, ao contrário de Alexandre de Mores, Barroso esgrime sempre com a razão. Com as suas acusações infundadas de que as eleições de 2018 foram fraudadas, e que ele teria derrotado Fernando Haddad no primeiro turno, não fosse por adulterações na urna eletrônica, o presidente recrudesceu o tom e teve de se haver com as consequências disso, dando-se conta, ao final, que não poderia comportar-se como um inimputável...
Na sua busca doentia por inimigos, Jair Bolsonaro elegeu o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, como um deles, em 2021, na sua cruzada insana pela instauração do voto impresso — e encontrou, no ministro, o pior adversário que poderia ter. Inclusive, porque, ao contrário de Alexandre de Mores, Barroso esgrime sempre com a razão.
Com as suas acusações infundadas de que as eleições de 2018 foram fraudadas, e que ele teria derrotado Fernando Haddad no primeiro turno, não fosse por adulterações na urna eletrônica, o presidente recrudesceu o tom e teve de se haver com as consequências disso, dando-se conta, ao final, que não poderia comportar-se como um inimputável.
Em março, o STF decidiu que a 13ª Vara Federal de Curitiba era incompetente para julgar Lula e anulou as condenações do petista no âmbito da Lava Jato. A decisão contrariou um entendimento anterior da própria Corte. Na ocasião, Luís Roberto Barroso votou de acordo com a decisão do relator, Luiz Edson Fachin.
Em seguida, a Segunda Turma do tribunal, aquela, votou pela parcialidade de Sergio Moro o que foi confirmado pelo plenário da Corte. Barroso foi voto vencido. O ministro entendeu que seria impossível considerar um juiz incompetente e suspeito ao mesmo tempo.
Diante da anulação das condenações, Lula passou a ser o favorito para 2022, de acordo com as pesquisas eleitorais. Bolsonaro intensificou, então, os seus ataques às instituições, sobretudo ao TSE.
O presidente passou a prometer diariamente, no cercadinho do Palácio da Alvorada, apresentar as provas de que as urnas eletrônicas eram passíveis de fraude e marcou uma live para fazer uma demonstração.
Na transmissão, Bolsonaro reiterou seus ataques furibundos a Luís Roberto Barroso e admitiu que não tinha provas. O evento constrangedor foi exibido nos canais oficiais do governo.
Durante a live, o presidente divulgou dados sigilosos sobre um inquérito da PF a respeito de um ataque hacker ao TSE. O tribunal apresentou uma notícia crime pela divulgação das informações.
O TSE ainda decidiu abrir um inquérito sobre as ameaças de Bolsonaro às eleições.
Enquanto isso, o governo trabalhava pela aprovação de uma PEC que previa a implementação do voto impresso no Brasil. Segundo Bolsonaro, Barroso foi o responsável por convencer os deputados a votarem contra o texto. O ministro apenas participou de debates com os parlamentares para esclarecer pontos do processo eleitoral.
Em 10 de agosto, a Câmara rejeitou a PEC, por 229 a 218. No dia da votação, Bolsonaro realizou uma “micareta militar”, com tanques de guerra em Brasília, na tentativa de intimidar o Congresso. O episódio constrangedor virou motivo de piada.
Apesar da derrota, o presidente não parou de atacar as urnas eletrônicas e Luís Roberto Barroso, em uma escalada de declarações absurdas:
“O senhor Luís Barroso, deve alguma coisa para o PT, com toda a certeza.”
“Curvem-se à Constituição, respeitem a nossa liberdade. Entendam que vocês estão no caminho errado.”
Depois de passar semanas convocando seus apoiadores às ruas e ameaçando dar um golpe de estado, Jair Bolsonaro foi às ruas no feriado da Independência e reiterou seus ataques às eleições: “Não posso participar de uma farsa”.
Dois dias depois, na sessão do TSE, Barroso fez duras críticas às declarações. O ministro afirmou que o discurso de Bolsonaro não passava de “retórica vazia”, de “política de palanque”.
“O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: ‘conhecereis a mentira e a mentira te aprisionará’“, afirmou Barroso.
Confrontado com a real ameaça de impeachment, Bolsonaro recuou dos seus ataques a ministros do STF, afirmando que os seus xingamentos e ameaças eram decorrentes do “calor do momento”, em carta redigida pelo ex-presidente Michel Temer, a quem o presidente foi pedir penico.
Barroso venceu, e com muita classe.
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