Lucas de Aragão: “Temer não sofrerá impeachment, nem será cassado”
Michel Temer concluirá seu mandato, apesar de a Lista Fachin expor a corrupção no coração de seu governo. Mais do que isso: a reforma da Previdência será aprovada por puro instinto de sobrevivência do Congresso. A avaliação é de Lucas de Aragão, cientista político e sócio da Arko Advice. Veja os principais trechos da conversa...
Michel Temer concluirá seu mandato, apesar de a Lista Fachin expor a corrupção no coração de seu governo. Mais do que isso: a reforma da Previdência será aprovada por puro instinto de sobrevivência do Congresso. A avaliação é de Lucas de Aragão, cientista político e sócio da Arko Advice. Veja os principais trechos da conversa:
O Antagonista – A lista do Fachin vai paralisar as reformas no Congresso?
Lucas de Aragão – Obviamente, a lista do Fachin é uma bomba, mas já era esperada. Houve poucas novidades. Por ora, ela não interfere na reforma da Previdência. No máximo, vai atrasá-la. O governo queria aprová-la em maio. Agora pode ser que fique para junho. Mas seria uma péssima estratégia para a base aliada, neste momento de Lava Jato, suspender a agenda de votações.
O Antagonista – As reformas contêm pontos polêmicos e impopulares. Em vez de garantir a sobrevivência, elas não vão azedar ainda mais o humor dos eleitores?
Aragão – Isso só aconteceria se o Congresso aprovasse uma medida muito grotesca de autoproteção, como a anistia ao caixa 2 ou algo que barre a Lava Jato. Precisa ser uma matéria muito explícita. A reforma da Previdência já está na pauta há muito tempo, e a resistência aguda é setorial, sindical. Além disso, não tenho dúvidas de que Temer vai recompensar quem o apoiar, seja com liberação de recursos para emendas, cargos ou apoio a projetos.
O Antagonista – Temer quer ser lembrado como um presidente reformista. Será?
Aragão – Ao assumir, após o impeachment, Temer montou seu governo em torno de dois pontos: corte de gastos e reforma previdenciária. Cumpri-los já será uma vitória, sobretudo se, fora do Congresso, conseguir encaminhar a recuperação da Petrobras e acelerar as concessões públicas. Talvez ainda dê tempo de fazer alguma reforma trabalhista. Na reforma tributária, se houver algo, será muito pontual.
O Antagonista – Temer vai terminar o mandato em 2018?
Aragão – Tudo indica que sim. Temer não sofrerá impeachment, porque o Congresso vai mantê-lo. Também não será cassado, porque o TSE vai postergar o julgamento para depois de 2018. O maior impacto da lista Fachin virá nas eleições. Com a maioria dos partidos na Lava Jato, os eleitores terão de decidir o que é aceitável na política brasileira. Por exemplo: receber dinheiro no caixa 2 para a campanha é aceitável? A resposta das urnas será o novo padrão ético da política. Vivemos um momento histórico.
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