Leonardo Barreto na Crusoé: Bolsonaro tem uma estratégia internacional?
Se vier pressão externa, Eduardo conseguirá enviar ao Congresso os estímulos necessários para a votação do PL da Anistia

onheci o deputado Eduardo Bolsonaro em um evento empresarial em 2017.
No palco, além dele, estavam outros jovens parlamentares.
O tema era renovação política.
Na qualidade de mediador do debate, tive oportunidade de conversar individualmente com os convidados e lembro-me de ter achado graça da sua confiança ao falar da viabilidade da candidatura de Jair Bolsonaro para a Presidência.
Quando Bolsonaro venceu em 2018, no entanto, todos ficaram atônitos.
Não apenas pelo resultado, mas principalmente por perceber que havia muitos processos sociais correndo bem debaixo dos nossos narizes sem que prestássemos atenção.
A saber, o sentimento antipolítico, a virada ideológica à direita interagindo com o antipetismo, a importância da mobilização via redes sociais e consequente perda de efetividade dos meios tradicionais de campanha política.
O susto criou uma mística em torno dos Bolsonaros.
Eles viram, antes, algo que ninguém viu, conseguindo furar todas as barreiras do status quo político e fundando um movimento carismático que assusta a esquerda e impõe cuidado à centro-direita.
Essa introdução é importante para dizer que, na condição de analista, não quero repetir o erro cometido em 2017 e subestimar a escolha de Eduardo Bolsonaro de migrar momentaneamente para os Estados Unidos e liderar de lá uma estratégia de defesa política do seu pai.
Jair Bolsonaro não tem qualquer chance no julgamento que correrá no STF e até quem não entende nada de processo penal pode ver isso.
Essa sensação não tem nada a ver com provas materiais, mas com o fato, repito, o fato, de que a turma de juízes é composta por possíveis vítimas, por adversários políticos, por advogados de adversários políticos e por outros agentes que já anteciparam o veredito em inúmeras entrevistas e em discursos políticos.
Uma coisa é Bolsonaro ter culpa por alguma coisa.
Outra é ter direito a julgamento imparcial.
Para a estratégia de defesa, o segundo fator anula o primeiro.
A ida de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos, nesse sentido, antecipa um movimento de denúncia internacional do STF e do ministro Alexandre de Moraes.
Uso o termo “antecipa” porque trata-se de algo mais do que esperado, mas que se esperava ser protagonizada pelo pai, não pelo filho.
É um cenário provável que, após a aceitação da denúncia pela primeira turma do STF, que Bolsonaro busque refúgio em alguma embaixada não apenas para se proteger, mas também para criar um fato de repercussão no exterior.
O barulho lá de fora, eles esperam, colocará as ações do STF – mais do que as do próprio Bolsonaro – sob escrutínio, considerando que jornais importantes de países europeus e dos Estados Unidos já questionam a heterodoxia dos procedimentos dessa investigação.
Se pressão externa vier, se houver respostas do governo e da Justiça americana, algo sobre o qual não se tem qualquer informação, Eduardo Bolsonaro conseguirá enviar ao Congresso os estímulos necessários para a votação do PL da Anistia.
Muito longe de mostrar um comportamento…
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