“Legalização dos bingos abrirá flanco para lavagem de dinheiro”, diz Dallagnol em artigo que segue atual
Em 2010, quando o Congresso tentava aprovar a legalização dos jogos de azar, o procurador da República Deltan Dallagnol escreveu um artigo em que foi categórico: a legalização dos bingos e dos jogos de caça-níquel no Brasil permitirá, de variadas formas, a lavagem de dinheiro e o vínculo frequente com outras modalidades de crimes...
Em 2010, quando o Congresso tentava aprovar a legalização dos jogos de azar, o procurador da República Deltan Dallagnol escreveu um artigo em que foi categórico: a legalização dos bingos e dos jogos de caça-níquel no Brasil permitirá, de variadas formas, a lavagem de dinheiro e o vínculo frequente com outras modalidades de crimes.
Na época, não existia Lava Jato. Dallagnol atuava no Grupo de Trabalho em Lavagem de Dinheiro do Ministério Público Federal.
O artigo se torna atual, uma vez que, na semana passada, como O Antagonista noticiou aqui, o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, se reuniu em Las Vegas, em viagem paga pelo Senado, com o magnata dos cassinos Sheldon Adelson.
Em Brasília, parlamentares se preparam para, na volta do recesso, tentar avançar com a tramitação de projetos que tratam do tema.
No artigo de 2010, Dallagnol dizia que a fiscalização e comprovação dos abusos em casas de jogos “é praticamente impossível”.
“Características próprias da atividade permitem assegurar que se trata de um dos negócios de maior risco no tocante ao branqueamento de capitais”, escreveu.
O procurador também alertou para a força do lobby do setor, principalmente em ano eleitoral — como é o caso agora.
“Não se pode ignorar, ainda, que há grandes interesses econômicos de empresários que pretendem explorar a atividade ou retomá-la, buscando a regulamentação da atividade, e que não raro se busca justificar a regularização da atividade sob o argumento de que geraria empregos, fatores que, aliados à aproximação do período eleitoral, podem tornar alguns membros do Congresso mais suscetíveis ao apelo e ao lobby legalmente desempenhados pelos empresários do setor.”
Dallagnol afirmou, ainda, que “não há dúvidas de que a legalização dos bingos constitui um retrocesso nas políticas públicas de prevenção e repressão da lavagem de dinheiro no Brasil”.
“Ela abrirá um flanco para que criminosos lavem dinheiro sem que as autoridades responsáveis pela repressão sejam capazes, na grande maioria dos casos, de investigar e provar os crimes praticados”, acrescentou.
Caso haja interesse, você pode conferir a íntegra do artigo clicando aqui.
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