Justiça manda suspender perfil de Marçal no Instagram
Juiz do TRE-SP afirma que conta do influenciador tem sido usada para divulgação de "fatos infamantes e inverídicos” a respeito de Boulos
A Justiça Eleitoral determinou neste sábado, 5, véspera das eleições municipais, a suspensão da conta de Pablo Marçal (PRTB; foto) no Instagram.
O juiz Rodrigo Capez, do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), afirmou em sua decisão que a conta do influenciador “tem sido utilizada para a divulgação de fatos infamantes e inverídicos” a respeito do deputado Guilherme Boulos (PSOL).
Como noticiamos, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o laudo falso usado por Marçal para acusar Boulos de uso de drogas. Os peritos federais já analisam o documento divulgado pelo candidato.
Segundo o juiz, há indícios de vários crimes previstos no Código Eleitoral. Ele afirma ainda que o perfil é usado com “nítido propósito de interferir no ânimo do eleitor e no pleito eleitoral”.
A página de Marçal terá que ficar inacessível por 48 horas.
O magistrado diz ainda que “trata-se de notícia de fatos concretamente graves, perpetrados às vésperas do pleito eleitoral, em tese, com o nítido propósito de interferir no ânimo do eleitor, mediante divulgação, em rede social, com extensa repercussão, de documento médico falso, que atestaria, de modo igualmente falso, que o representante, candidato a Prefeito de São Paulo, seria dependente químico de cocaína e estaria em ‘surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas’.”
“Aquela assinatura não é dele”
Uma ex-funcionária de José Roberto de Souza, médico responsável pelo laudo publicado por Pablo Marçal (PRTB), disse ao jornal O Globo não reconhecer a assinatura que consta no documento divulgado pelo candidato.
“Trabalhei 31 anos com o doutor José Roberto. Aquela assinatura não é dele. Ele sempre falava: ‘Faço a assinatura desse jeito porque nunca ninguém vai conseguir falsificar’. Quando vi aquela assinatura, isso veio na minha cabeça e decidi zelar pelo nome dele”, disse Iolanda Rodrigues.
Ela também enviou ao jornal imagens de um certificado de conclusão de um curso que fez no Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Campinas (IHHC), avalizado pelo patrão. O médico José Roberto de Souza, cuja assinatura aparece no receituário usado por Marçal, ingressou no Conselho Regional de Medicina em São Paulo em 1972 e já faleceu.
Dono de clínica foi condenado por falsificação
O biomédico Luiz Teixeira da Silva Junior, proprietário da clínica responsável pelo receituário apresentado por Marçal, foi condenado em 2021 por usar documentos falsos para obter o registro profissional de médico.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal, Teixeira Júnior apresentou ao Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul um diploma de graduação em medicina e uma ata de colação de grau falsos supostamente emitidos pela Fundação Educacional Serra dos Órgãos. A instituição nega que ele tenha sido aluno do curso.
O fato de a faculdade ter sido renomeada como Centro Universitário Serra dos Órgãos foi outro elemento que indicou tratar-se de um documento falsificado. Ele teria pagado R$ 27 mil aos falsificadores.
Luiz Teixeira da Silva Júnior foi sentenciado a 2 anos e quatro meses de prisão, inicialmente em regime semiaberto. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmou a condenação, mas a substituiu por uma pena restritiva de direitos.
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