Janot, em sua carta de despedida: “Os desafios do porvir não serão pequenos”
Rodrigo Janot escreveu a seguinte mensagem de despedida aos seus colegas da PGR:"Em 17 de setembro, encerra-se meu mandato na chefia do MP e, naturalmente, os preparativos para a sucessão já se desenrolam dentro da mais absoluta institucionalidade...
Rodrigo Janot escreveu a seguinte mensagem de despedida aos seus colegas da PGR:
“Em 17 de setembro, encerra-se meu mandato na chefia do MP e, naturalmente, os preparativos para a sucessão já se desenrolam dentro da mais absoluta institucionalidade.
Após submeter-se a um legítimo processo de seleção para a lista tríplice, a colega Raquel Dodge teve seu nome aprovado pelo Senado e foi nomeada pelo presidente da República para suceder-me.
A tradição de respeito à lista tríplice iniciou-se há quatorze anos, quando Claudio Fonteles foi nomeado pelo então presidente Lula para o cargo de procurador-geral da República. A prática reiterada ao longo desses anos por três diferentes presidentes concede a essa forma democrática de seleção do procurador-geral densidade política e jurídica que dificilmente será revertida ao estado anterior.
O respeito à lista, mesmo em momento de tamanha turbulência política, é verdadeiramente uma razão para comemorar, pois o gesto revela a maturidade e o vigor de nossa democracia, além de sua capacidade de superar as questões contingenciais em nome de princípios e valores estruturantes para nossas instituições e, sobretudo, para o país.
Parabenizo, assim, a colega Raquel Dodge pela merecida conquista. Espero que sua gestão seja exitosa, mantendo com a competência que lhe é peculiar, o MPF no caminho virtuoso da combatividade e da independência, de forma a preservar o íntegro o ethos institucional.
Os desafios do porvir não serão pequenos. Os perigos que nos espreitam também merecem redobrada vigilância. Se, por um lado, o trabalho sério, impessoal e eficaz de combate à corrupção, desenvolvido especialmente no âmbito da Lava Jato, realçou ainda mais a importância do Ministério Público para a sociedade brasileira, agregando-lhe prestígio, por outro, colocou-o em clara rota de colisão com interesses tão escusos quanto poderosos. Essas forças, que de alguma forma se beneficiam do atual estado de corrupção endêmica, lutarão renhidamente para manter seus privilégios, ainda que isso represente cercear o trabalho do MP, tolher o combate à corrupção e solapar as possibilidades de desenvolvimento econômico e social do país.
Registro que envidarei os esforços necessários para realizarmos uma transição dentro da mais absoluta transparência e profissionalismo.
Por fim parabenizo uma vez mais a colega Raquel Dodge, nossa primeira procuradora-geral da República.”
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