Ives Gandra sobre Vaza Toga: Moraes não quer verificar a verdade
Jurista analisou a O Antagonista o escândalo do vazamento de mensagens que sugeriram uso do TSE fora do rito para abastecer inquérito no STF
O constitucionalista Ives Gandra Martins considera que não houve, no curso da produção de relatórios fora do rito da Vaza Toga, imparcialidade e compromisso com a apuração dos fatos.
“Pelas últimas publicações da Folha, creio que [Alexandre de Moraes] está mais preocupado em confirmar o que acha ser verdade do que verificar a própria verdade. Tenho admiração pelo jurista Alexandre de Moraes, mas neste ponto divirjo de sua maneira de julgar”, declarou em entrevista a O Antagonista.
Gandra Martins também comentou sobre a participação do juiz auxiliar Airton Vieira e o ex-chefe da assessoria de combate à desinformação do TSE Eduardo Tagliaferro, envolvidos no escândalo. “A impressão que tenho é que os assessores estavam mais preocupados em confirmar sua opinião dos fatos do que examinar, imparcialmente, a verdade dos fatos”.
Odisseia
Para o jurista, a Vaza Toga se assemelha ao famoso episódio da Odisseia de Homero no qual Ulisses se encontra entre o monstro Cila e o redemoinho Caribde, uma alegoria de escolha entre duas dificuldades extremas. O Supremo estaria, assim, dividido entre não apoiar as decisões de Moraes e fragilizar a instituição, ou apoiá-lo para preservar uma fachada de unidade.
“Creio que o STF se vê entre não apoiar o ministro e fragilizar a instituição ou apoiá-lo para mostrar unidade. Está, como na Odisseia, em Cila e Caribde, assustando Ulisses na sua volta a Ítaca”, arrematou.
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