Itamaraty é questionado por pressão do Planalto para validar eleições na Venezuela
Os deputados Marcel Van Hatten (Novo-RS) e Adriana Ventura (Novo-SP) apresentaram pedido de explicações ao ministro Mauro Vieira
Os deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Adriana Ventura (Novo-SP) apresentaram nesta quinta-feira, 25, um requerimento de informação ao Ministério das Relações Exteriores para saber se, de fato, houve pressão do Itamaraty para o envio de servidores federais para acompanhar o processo eleitoral na Venezuela, que acontece no próximo domingo, 28.
Segundo reportagem de O Globo, a pasta comandada por Mauro Vieira (foto) teria pressionado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a enviar servidores para acompanhar as eleições no país comandado pelo ditador Nicolás Maduro. Até esta semana, o TSE havia se comprometido a mandar pessoas para fiscalizar o processo. A posição do Tribunal mudou apenas nesta quarta-feira, 24, após a Justiça Eleitoral brasileira ter sido atacada frontalmente pelo próprio Maduro.
“O envio de servidores brasileiros a um pleito estrangeiro, especialmente em um contexto político conturbado como o da Venezuela, envolve riscos e responsabilidades significativas. A presença de observadores pode ser interpretada como uma validação do processo eleitoral, impactando diretamente a percepção internacional sobre a legitimidade das eleições venezuelanas”, afirmam os parlamentares.
“Nesse sentido, é fundamental compreender os motivos e critérios que embasaram a decisão do Itamaraty, bem como as implicações diplomáticas dessa ação”, acrescentam.
Por qual motivo o TSE decidiu não mandar mais emissários à Venezuela?
Em nota divulgada na noite desta quarta-feira, 24 de julho, o Tribunal Superior Eleitoral brasileiro rejeitou o envio de técnicos para as eleições previstas para o próximo domingo, 28, na Venezuela.
O motivo da recusa foram as declarações do ditador Nicolás Maduro na manhã desta quarta. Ao tentar defender a farsa eleitoral que está preparando, Maduro —amigo das esquerdas da América Latina— aderiu à narrativa bolsonarista e disse que as urnas no Brasil não são auditadas, o que é falso.
“É feita uma auditoria em tempo real, como vocês sabem, em 54% das seções eleitorais. Em que outro lugar do mundo eles fazem isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral lá é impossível de auditar. No Brasil? Não auditam nem uma ata no Brasil“, declarou Maduro.
A alegação de falta de auditoria já havia sido desmentida pelo TSE brasileiro em 2021, quando a corte eleitoral publicou um vídeo explicando o processo.
Na mesma ocasião, o ditador da Venezuela ironizou o aliado Lula, que se disse preocupado com suas declarações sobre um “banho de sangue” no país em caso de derrota nas eleições. “Tome um chá de camomila”, disse o herdeiro de Hugo Chávez, sem citar nominalmente o petista.
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