Isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil será aprovada, diz Haddad
Ministro da Fazenda reconhece, porém, dificuldades para compensar a perda de arrecadação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira, 21, que o Congresso aprovará o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, mas reconheceu dificuldades para compensar a perda de arrecadação.
“Vai passar. O problema não é a medida em si, tanto é que todo mundo prometeu. O presidente Lula está cumprindo. O antecessor dele prometeu e não mandou. Por quê? A dificuldade é fazer quem não paga pagar para compensar”, disse Haddad ao podcast Inteligência Ltda.
“Vamos chegar a 20 milhões de pessoas isentas. Do outro lado, são 140 mil pessoas que hoje não pagam nem 10% de imposto de renda, contra uma professora de escola pública que paga 10%”, acrescentou. “Se ela paga 10%, por que um super-rico não paga?”, questionou.
Haddad também mencionou o início do consignado para trabalhadores formais, que utiliza o FGTS como garantia e oferece juros menores que os do mercado.
“O empregado com vínculo formal pode bater na porta de vários bancos para fazer um empréstimo consignado”, disse.
Qual é o impacto?
Na última segunda-feira, Haddad afirmou que a ampliação da isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil terá um impacto de R$ 27 bilhões por ano. Esse montante deixará de ser arrecadado pelo governo para que a faixa de isenção seja ampliada.
Inicialmente, o Ministério da Fazenda estimava que o impacto seria de R$ 32 bilhões em 2026. Porém, segundo Haddad, foi feito um novo cálculo, pois haverá uma correção da faixa em 2025 em decorrência do aumento do salário mínimo para R$ 1.518,00.
A faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física, hoje, é de R$ 2.824,00. Como o Orçamento de 2025 da União ainda não foi aprovado pelo Congresso, a tabela do IR está congelada. A votação do projeto da Lei Orçamentária Anual na Comissão Mista de Orçamento não deve mais ocorrer nesta terça-feira (18).
O texto não só amplia a isenção do IRPF para as pessoas que ganham até R$ 5 mil, mas também prevê um desconto parcial do imposto para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.
Por outro lado, estabelece que indivíduos que ganham mais de R$ 600 mil por ano e que atualmente não contribuem com uma alíquota efetiva de até 10% para o IR passem a contribuir; segundo o governo, são 141,4 mil contribuintes, ou seja, 0,06% da população do Brasil.
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Comentários (3)
LuÃs Silviano Marka
22.03.2025 12:28Primeira coisa que deveriam fazer é prever a correção desse limite de 600.000, senão em alguns anos praticamente todo mundo vai estar nessa faixa. Segundo, cobrar imposto de quem recebe dividendo é bitributação, porque o dividendo já é o que sobra depois que as empresas pagam os impostos. E terceiro, quem tem dinheiro mesmo simplesmente vai escapar da tributação usando mil e um recursos disponíveis pra quem tem grandes fortunas, piorando ainda mais a situação. Tomara que isso não passe de jeito nenhum - é o que acontece quando governantes imbecis deixam escapar ideias absolutamente estúpidas como essa.
Marian
22.03.2025 09:49Ninguém ganha com essa medida, nem que será isento. Pagaremos todos.
Fabio B
22.03.2025 08:14Mais uma medida populista e imediatista para enganar o eleitorado até 2026. O governo finge que está dando um presente, mas, sem cortar gastos, o rombo na arrecadação será jogado na inflação e no custo de vida. O que o povo "economiza" no imposto vai pagar dobrado em comida, energia e serviços mais caros. No médio e longo prazo, a conta chega, mas até lá, já terão garantido os votos e empurrado o estrago para frente novamente, igual é feito desde o primeiro governo Lula/Dilma, incluindo em seguida o Bolsonaro, quando furou o teto de gastos para tentar se reeleger.