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Irmãos Miranda, os improváveis

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4 minutos de leitura 25.12.2021 15:00 comentários
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Irmãos Miranda, os improváveis

O então bolsonarista Luis Miranda, suspeito de aplicar golpes pela internet, e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, foram os responsáveis por denunciar um esquema milionário de corrupção na pasta -- e por colocar o nome de Jair Bolsonaro diretamente envolvido nele. O Antagonista revelou a história de Luis Miranda com exclusividade, impedindo que o governo efetuasse o pagamento por doses superfaturadas da vacina indiana Covaxin, negociada pela intermediária Precisa Medicamentos...

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Irmãos Miranda, os improváveis
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O então bolsonarista Luis Miranda, suspeito de aplicar golpes pela internet, e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, foram os responsáveis por denunciar um esquema milionário de corrupção na pasta — e por colocar o nome de Jair Bolsonaro diretamente envolvido nele.

O Antagonista revelou a história de Luis Miranda com exclusividade, impedindo que o governo efetuasse o pagamento por doses superfaturadas da vacina indiana Covaxin, negociada pela intermediária Precisa Medicamentos.

Miranda disse que, em janeiro, alertou Jair Bolsonaro sobre “algumas coisas” que estavam acontecendo no Ministério da Saúdee que ele “precisava agir”.

Em 25 de fevereiro, o contrato acabou sendo assinado, apesar dos alertas de técnicos da pasta.

O deputado decidiu então ir até o Palácio da Alvorada com seu irmão, para conversar pessoalmente com Bolsonaro sobre o caso, em março.

Os irmãos Miranda detalharam uma série de irregularidades, como a previsão do pagamento antecipado de US$ 45 milhões a uma offshore em Singapura, que não constava no contrato.

Três meses se passaram depois da denúncia dos Miranda e o presidente não tomou providências sobre o caso.

Em junho, O Antagonista trouxe o caso à tona, jogando uma bomba sobre o governo e levantando a suspeita de que Jair Bolsonaro tenha prevaricado diante das denúncias.

O então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, convocou uma coletiva de imprensa em que acusou Miranda de trair Bolsonaro, de denunciação caluniosa e de produzir provas falsas. O ministro fez uma série de ameaças e afirmou que o deputado seria investigado.

Dias mais tarde, os irmãos Miranda depuseram à CPI e confirmaram as revelações feitas por O Antagonista. Depois da insistência dos senadores, o deputado disse que, quando Bolsonaro foi informado sobre o caso, associou o esquema ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros.

O parlamentar foi o responsável por editar uma emenda à MP das vacinas, em janeiro, para incluir a agência reguladora indiana na lista que a Anvisa usa como base para autorizar a importação de imunizantes. Isso facilitou a assinatura do contrato.

No dia seguinte ao depoimento, Miranda sugeriu, em uma entrevista a O Antagonista, que teria gravado Jair Bolsonaro na conversa que eles tiveram em março.

A partir disso, criou-se uma grande expectativa em torno da divulgação do suposto áudio, que nunca foi feita. À PF, Miranda negou que tenha gravado o presidente.

Com medo da gravação, Bolsonaro nunca desmentiu as acusações de Miranda, nem tentou defender seu líder do governo. A possibilidade de prevaricação passou a ser investigada, a pedido da PGR.

Em meio a tudo isso, a Crusoé revelou outro capítulo da história: Miranda disse ter recebido ofertas de propina de um lobista ligado a Ricardo Barros, para manter o caso em segredo. Uma das ofertas teria sido feita em uma reunião com a presença do líder do governo.

Diante do escândalo revelado por O Antagonista, o Ministério da Saúde suspendeu o contrato de compra da Covaxin no início de julho. O cancelamento seria confirmado em agosto.

O contrato entre a fabricante da Covaxin, Bharat Biotech, e a Precisa Medicamentos também foi cancelado. Na ocasião, Miranda divulgou um vídeo comemorando o fato, às lágrimas.

Logo após a revelação do escândalo, Miranda passou a ser investigado pelo Conselho de Ética da Câmara. Em setembro, o relator da representação contra ele, Gilberto Abramo (Republicanos-MG), votou pela continuidade do processo.

No relatório final da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL) utilizou as denúncias feitas pelos irmãos Miranda para embasar uma série de pedidos de indiciamento.

Em novembro, a representação contra Miranda no Conselho de Ética foi arquivada.

Em 2021, Luis Miranda e Luis Carlos Miranda foram as figuras mais improváveis a ganhar os holofotes.

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