Investigação sobre estados pode ser tiro no pé de Bolsonaro
Jair Bolsonaro deve aos evangélicos o que lhe resta de militância com capacidade de engajamento, como mostram as manifestações de ontem. Ao defender com unhas e dentes a ampliação do escopo da CPI da Covid para estados e municípios, entretanto, o presidente corre o risco de implodir essa base de apoio...
Jair Bolsonaro deve aos evangélicos o que lhe resta de militância com capacidade de engajamento, como mostram as manifestações de ontem. Ao defender com unhas e dentes a ampliação do escopo da CPI da Covid para estados e municípios, entretanto, o presidente corre o risco de implodir essa base de apoio.
Uma das investigações requeridas pela CPI à Polícia Federal trata da suspeita de fraude na compra de respiradores pelo governo de Santa Catarina. Em janeiro, a PGR pediu arquivamento da investigação sobre o governador afastado Carlos Moisés, mas manteve o inquérito em relação aos demais.
Dentre os investigados está o empresário Samuel Rodovalho, filho do bispo Robson Rodovalho, fundador da igreja evangélica Sara Nossa Terra. Aliado de Bolsonaro, Rodovalho preside a Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil (Concepab).
Como representante da chinesa Cima Industries Inc. Medical Divison (fornecedora de respiradores), Samuel é acusado de envolvimento com um grupo de empresários na intermediação do fornecimento de 200 respiradores — que nunca foram entregues.
O contrato, de R$ 33 milhões, renderia comissão de pelo menos R$ 3 milhões, segundo as investigações. O caso levou ao afastamento do governador, à queda do alto escalão da administração de Carlos Moisés e à abertura de uma CPI.
O filho do bispo tem negado qualquer irregularidade em sua atuação, mas foi arrolado no relatório final da CPI dos respiradores, entre os 14 envolvidos no negócio.
O documento disse que Samuel Rodovalho uniu-se ao advogado César Augustus Martinez Thomaz Braga, ligado à Veigamed (distribuidora/intermediária) para obter “vantagens financeiras ilícitas à custa dos cofres públicos, em momento de afrouxamento dos controles administrativos”.
Segundo a CPI, integraram o grupo Fábio Guasti, representante da Veigamed, o advogado Leandro Adriano de Barros; além de Pedro Nascimento de Araujo e Rosemary Neves de Araújo, diretores da Veigamed.
A Veigamed foi a empresa que negociou a venda com o governo de Santa Catarina, enquanto a Cima Industries deveria fornecer os aparelhos. A fornecedora alegou, porém, que desfez o negócio diante do não cumprimento de cronograma contratual por parte do governo.
Hoje, a Secretaria da Saúde de Santa Catarina suspendeu a Veigamed para contratos com o poder público por seis meses. A empresa também não pagou uma multa de R$ 3,3 milhões, por causa do calote.
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