Investigação corrobora delação de Cid, diz diretor da PF
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, revelou que o Brasil já recebeu a primeira remessa de informações solicitadas ao governo dos Estados Unidos sobre a investigação do escândalo das joias...
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, revelou que o Brasil já recebeu a primeira remessa de informações solicitadas ao governo dos Estados Unidos sobre a investigação do escândalo das joias.
Em entrevista para a CNN Brasil, Rodrigues disse que essas informações “corroboram e confirmam” os relatos feitos por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, em sua delação premiada firmada com a Polícia Federal e com o Supremo Tribunal Federal (STF).
O diretor-geral da PF não pôde detalhar a natureza dos documentos recebidos, mas garantiu que algumas das informações corroboram as declarações feitas por Cid. “Já começamos a receber as primeiras documentações. Eu não posso detalhar a natureza dos documentos, mas o que eu posso garantir é que algumas das informações que chegaram corroboram e confirmam aquilo que foi feito na colaboração“, afirmou.
A Polícia Federal solicitou ao governo dos Estados Unidos dados bancários tanto de Mauro Cid quanto do ex-presidente Bolsonaro, além de documentos e imagens relacionados à venda no exterior dos presentes destinados à Presidência da República.
Rodrigues ressaltou a importância da delação premiada como uma forma de buscar provas e afirmou que existem caminhos consistentes na investigação. “A delação é um caminho para se buscar provas. E há, sim, ali, caminhos. Há muita consistência, há muitos elementos já apontados, que nos permitem, confrontando com demais elementos já colhidos nos autos, identificar que de fato há consistência“, explicou o diretor-geral.
Lembramos que, no começo do mês, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico dos Santos, coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da Procuradoria-Geral da República (PGR), criticou o acordo de delação premiada firmado pela Polícia Federal com o tenente-coronel Mauro Cid.
“Quando nós temos um acordo de delação, tudo que é dito precisa ser corroborado. Eu não posso dizer que uma peça dessa será proveitosa se isso não acontecer. Não faço críticas à PF nem a quem firmou o acordo, mas meu olhar é do órgão acusador e, nessa perspectiva, pode afirmar que ali há só narrativas e não há robustez para o oferecimento de denúncia”, disse o subprocurador ao O Globo.
“O delator que se propõe a firmar esse tipo de acordo não basta possuir uma narrativa, ele tem que apontar os participantes de um crime e apontar, pelo menos, os caminhos até as provas para confirmarmos aquilo que ele falou. Por isso, há diversas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) anulando esses acordos porque as acusações se basearam tão somente nas delações”, acrescentou Frederico dos Santos.
Mesmo após as críticas, Rodrigues deixou claro que a Polícia Federal não irá se abster de realizar qualquer operação necessária de acordo com o dever legal da corporação. Além disso, ele afirmou que é natural que os citados na delação premiada sejam chamados para prestar depoimento em um futuro próximo.
Ele também enfatizou o compromisso da instituição em buscar a qualidade das provas e a responsabilidade da operação. “O que eu posso dizer é que a investigação vai até o fim. Nós não vamos parar enquanto a gente não desvendar, para cada uma das ações criminais, todos os autores que atuaram em todos os processos”, afirmou Rodrigues. “Aqueles que, em alguma medida, têm participação serão responsabilizados“, acrescentou.
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