Instituto de Criminalística: é falso laudo divulgado por Marçal
Documentos publicados pelo ex-coach foram analisados por três peritos do Instituto de Criminalística
O Instituto de Criminalística de São Paulo atestou a falsidade do laudo apresentado por Pablo Marçal (PRTB; foto) para acusar Guilherme Boulos de uso de drogas.
Os documentos foram analisados por três peritos do Instituto de Criminalística.
“O relatório da perícia foi encaminhado à autoridade policial, que instaurou um inquérito para apurar todas as circunstâncias relativas aos fatos”, diz nota da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Como mostramos, a Justiça Eleitoral reconheceu indícios de falsificação no documento, datado de 19/01/2021. Segundo o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, “há plausibilidade” nas alegações da campanha de Boulos que apontam a “falsidade do documento”. Ele cita ainda a “proximidade” do ex-coach com o dono da clínica responsável pelo laudo e o fato de o documento médico ter sido “assinado por profissional já falecido”.
Também aponta inconsistências no documento apresentado por Marçal, como o número errado do RG do candidato do PSOL. As inconsistências vão desde erros como a frase “por minha atendido” até a palavra “cocaína” escrita sem o acento.
Em sua decisão, Colombini atendeu parte do pedido da campanha de Boulos e não determinou nova derrubada do perfil de Marçal.
“Aquela assinatura não é dele”
Uma ex-funcionária de José Roberto de Souza, médico responsável pelo laudo publicado por Pablo Marçal (PRTB), disse ao jornal O Globo não reconhecer a assinatura que consta no documento divulgado pelo candidato.
“Trabalhei 31 anos com o doutor José Roberto. Aquela assinatura não é dele. Ele sempre falava: ‘Faço a assinatura desse jeito porque nunca ninguém vai conseguir falsificar’. Quando vi aquela assinatura, isso veio na minha cabeça e decidi zelar pelo nome dele”, disse Iolanda Rodrigues.
Ela também enviou ao jornal imagens de um certificado de conclusão de um curso que fez no Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Campinas (IHHC), avalizado pelo patrão. O médico José Roberto de Souza, cuja assinatura aparece no receituário usado por Marçal, ingressou no Conselho Regional de Medicina em São Paulo em 1972 e já faleceu.
Filha de médico rebate Marçal
A médica Aline Souza, filha do médico José Roberto de Souza, afirmou que seu pai nunca trabalhou na clínica que aparece no laudo divulgado por Pablo Marçal para acusar Boulos de uso de drogas.
O médico cuja assinatura aparece no receituário usado por Marçal já faleceu.
“Aconteceu uma coisa um tanto quanto absurda no meio dessas campanhas políticas. Não sei o por que e em qual contexto foi usado o nome e o CRM do meu pai pelo Pablo Marçal. A questão é muito grave, não sei até que ponto e por que usar a identidade de uma pessoa que nem está aqui”, afirmou Aline em vídeo divulgado neste sábado, 5.
“As coisas estão começando a ser apuradas. Mas quero esclarecer aqui que o meu pai jamais trabalhou nesta clínica que foi divulgada”, acrescentou.
Uma outra filha do médico, Carla Maria de Oliveira e Souza, disse ao Globo que a assinatura no documento apresentado pelo candidato do PRTB não era de seu pai.
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