Instituto católico assume centro LGBT em SP, decisão gera polêmica
"Somos uma organização da sociedade civil como qualquer outra", responde o Instituto
A Prefeitura de São Paulo delegou a gestão de dois Centros de Cidadania LGBTI+ ao Instituto Claret, organização de origem católica, provocando reações divididas. Cada entidade vencedora receberá mais de R$ 10 milhões para administrar os centros por um período de cinco anos.
Críticos apontam para um possível conflito entre as raízes religiosas da entidade e o acolhimento pleno da comunidade LGBTQIA+. Por outro lado, defensores da escolha destacam que o Instituto cumpriu todos os requisitos do edital e que a doutrina católica, quando devidamente aplicada, é receptiva e acolhedora.
“Somos uma organização da sociedade civil como qualquer outra. Ao longo de 38 anos de atuação, trabalhamos com parcerias públicas visando sempre o acolhimento, o cuidado e a inclusão de pessoas, sem distinção”, respondeu o instituto à imprensa.
O papa Francisco exemplifica essa postura em sua liderança. Ele recentemente condenou como “hipocrisia” as críticas às bênçãos a casais homoafetivos pela Igreja, enfatizando que, embora a doutrina distinga o sacramento do matrimônio de outras uniões, todos os fiéis merecem amor e acolhimento. “Ama-se o pecador, mas não o pecado” é uma máxima frequentemente utilizada para demonstrar o compromisso pastoral com o apoio espiritual a todos, sem exceções.
A entidade enfatiza que seu trabalho é “sem distinção”, promovendo desenvolvimento humano e assistência social. Apesar disso, críticas ao edital persistem, especialmente porque, inicialmente, a participação de entidades religiosas era vetada. A Prefeitura, entretanto, esclareceu que o Instituto não se dedica exclusivamente a atividades religiosas, atendendo assim aos critérios formais.
Além disso, defensores apontam que a herança cultural cristã não é incompatível com direitos e liberdades. Muitos países de maioria cristã lideram globalmente em proteção às minorias, como Canadá e Holanda. O relatório Freedom in the World 2024 confirma que democracias ocidentais de raízes cristãs figuram entre as mais livres para pessoas LGBTQIA+.
A controvérsia, porém, expõe uma questão maior: até que ponto preconceitos contra organizações religiosas podem obscurecer seu potencial de contribuir positivamente para causas sociais.
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