A história por trás da reunião de Lula, Cunha e Joesley
Em junho, Joesley Batista disse à Época: "Estive uma vez com o presidente Lula quando assumi o comando da empresa [JBS], em 2006. (...) Nunca mais vi o Lula até o fim de 2013." Não ficou claro se Joesley teria encontrado Lula depois disso, mas Eduardo Cunha...
Em junho, Joesley Batista disse à Época:
“Estive uma vez com o presidente Lula quando assumi o comando da empresa [JBS], em 2006. (…) Nunca mais vi o Lula até o fim de 2013.”
Não ficou claro se Joesley teria encontrado Lula depois disso, mas Eduardo Cunha, em carta redigida da cadeia onde estava preso em Curitiba, partiu para o ataque:
“Ele fala que só encontrou o ex-presidente Lula por duas vezes em 2006 e em 2013. Mentira! Ele apenas se esqueceu que promoveu um encontro que durou horas no dia 26 de março de 2016, Sábado de Aleluia na sua residência, entre eu, ele e Lula, a pedido de Lula, para discutir o processo de impeachment (de Dilma Rousseff).”
Cunha afirmou que, no encontro, pôde “constatar a relação entre eles e os constantes encontros que mantinham”.
Em reação à carta de Cunha, o advogado da JBS deu uma confirmação genérica:
“O empresário (…) não apenas esteve em outras ocasiões com o ex-presidente Lula como também intermediou encontros de dirigentes do PT com Eduardo Cunha”.
Em 21 de julho, O Antagonista destacou que Joesley era a ponte entre Lula, Dilma e Cunha:
“Ao financiar a campanha de Eduardo Cunha à presidência da Câmara, Joesley Batista passou a ser visto pela cúpula do PT como interlocutor privilegiado do peemedebista.
A pedido de Dilma e Lula, Joesley foi procurado por Jaques Wagner e Edinho Silva para que marcasse encontros com Cunha. Foram pelo menos quatro encontros com o objetivo de evitar que o então presidente da Câmara tocasse pra frente o impeachment.”
O Antagonista também destacou que, na casa de Joesley, Lula pediu a Cunha para segurar o impeachment. Isto, claro, depois de alguns desentendimentos:
“Foi numa reunião intermediada por Joesley Batista que Jaques Wagner prometeu a Eduardo Cunha o apoio do PT para arquivar processo contra o peemedebista no Conselho de Ética da Câmara.
O problema é que o PT acabou traindo Cunha, que, por vingança, resolveu abrir o processo do impeachment.
Uns 30 dias antes da votação no plenário da Câmara, o então ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff pediu a Joesley um novo encontro com Cunha. A conversa ocorreu na casa do empresário em Brasília, em clima bastante tenso.
Como não deu em nada, Wagner apelou então para Lula, que se reuniu com Eduardo Cunha na residência do dono da JBS em São Paulo (…)
Apesar do apelo do ex-presidente para tentar reverter a tendência de cassação de Dilma na Câmara, o peemedebista mostrou-se irredutível.”
Na entrevista à Época publicada neste sábado, Cunha afirma que o dono da JBS “poupou muito o PT” e “escondeu que nos reunimos, eu e Joesley, quatro horas com o Lula, na véspera do impeachment”.
Trata-se, decerto, da mesma reunião.
O Antagonista insiste: se a acusação é de que o delator a “escondeu”, a indicação é de que tenha havido crime no encontro.
Lula, afinal, pediu a Joesley para pagar Cunha e salvar Dilma?
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