Governo exonera agente da Abin investigado por espionagem ilegal
Thiago Gomes Quinalia foi demitido em decorrência de abandono de cargo
O governo federal exonerou o agente de inteligência Thiago Gomes Quinalia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em decorrência de abandono de cargo. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Quinalia é investigado pela Polícia Federal (PF) por supostamente integrar a “Abin Paralela”, um esquema de espionagem irregular dentro da agência, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), voltado ao monitoramento ilegal de autoridades e à disseminação de notícias falsas.
A exoneração ocorreu devido à ausência prolongada do agente no trabalho, configurando abandono de cargo, o que ocorre quando o servidor falta por mais de 30 dias consecutivos.
O ex-agente foi mencionado em uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a busca e apreensão de materiais de dez investigados.
A operação apura o uso indevido do sistema de inteligência First Mile pela Abin, sem autorização judicial, para monitorar dispositivos móveis de forma clandestina.
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Quem foi alvo de espionagem
Segundo a PF, Quinalia fazia parte do núcleo responsável por associar políticos e magistrados ao PCC.
Entre as autoridades vigiadas estavam ministros do STF e figuras do Poder Legislativo, como o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, e senadores ligados à CPI da Covid, além de jornalistas e servidores do Ibama e da Receita Federal.
A investigação também está ligada à Operação Última Milha, que visa desmantelar a rede de monitoramento ilegal. Na última fase da operação, quatro pessoas foram presas, incluindo um militar do Exército, um agente da PF e um ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro.
A PF ainda investiga conexões entre a “Abin Paralela” e os eventos de 8 de janeiro, apontando uma possível tentativa de desestabilização do Estado Democrático de Direito com o intuito de manter Bolsonaro no poder.
Além de Quinalia, outros integrantes da estrutura paralela da Abin estão sendo investigados, incluindo o ex-diretor da agência, Alexandre Ramagem, e outros envolvidos na articulação de desinformação.
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