Governo Bolsonaro tenta resistir às pressões crescentes pela volta do imposto sindical
O governo de Jair Bolsonaro está sendo pressionado a retomar a obrigatoriedade do imposto sindical no Brasil, que acabou com a aprovação da reforma trabalhista pelo Congresso durante o governo de Michel Temer, em 2017. A pressão das centrais sindicais aumentou em meio à pandemia da Covid-19. Os sindicalistas alegam que os cofres secaram...
O governo de Jair Bolsonaro está sendo pressionado a retomar a obrigatoriedade do imposto sindical no Brasil, que acabou com a aprovação da reforma trabalhista pelo Congresso durante o governo de Michel Temer, em 2017.
A pressão das centrais sindicais aumentou em meio à pandemia da Covid-19. Os sindicalistas alegam que os cofres secaram e, com a contribuição tendo se tornado optativa, não há recursos suficientes para as mobilizações, “inviabilizando a atuação sindical” no país.
Em 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, foi instituído o Grupo de Altos Estudos do Trabalho (Gaet), com participação de representantes do Judiciário, da equipe econômica e também de sindicatos. O objetivo era — e ainda é — “modernizar” as relações trabalhistas e dar segurança jurídica à reforma.
Algumas propostas já chegaram ao governo e estão sendo, após avaliações técnicas e políticas, enviadas ao Congresso. O subgrupo formado por centrais sindicais, liderado pela CUT, Força Sindical, CGT e CTB, tem dobrado a aposta de que o governo vai garantir o retorno de algum tipo de contribuição obrigatória, ainda que com a anuência dos sindicalizados em convenção coletiva — por estratégia, evitam falar em “imposto sindical”.
Rogério Marinho, que foi o relator da reforma trabalhista na Câmara e hoje é ministro do Desenvolvimento Regional, é um dos que, nos bastidores, tem dito que “o governo não fará uma loucura dessa”. Marinho tem o apoio de Bruno Dalcolmo, secretário de Trabalho do Ministério da Economia, e de Bruno Bianco, que sucedeu o hoje ministro na Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.
Um integrante do grupo de trabalho em questão, pedindo reserva, disse a este site:
“Não acredito que o governo vá dar esse tiro no pé. Seria ‘entregar o ouro’ de novo para algo que já vimos que não deu certo. Seria um retrocesso enorme.”
Na equipe econômica, embora se admita que a pressão pela volta do imposto sindical está aumentando, a avaliação é a de que o governo Bolsonaro resistirá.
“Vão bater em uma porta que não vai abrir. Por que a reforma da Previdência passou neste país [em 2019, já no governo de Jair Bolsonaro]? Eu respondo: porque não tinha ‘pão com mortadela’ na rua. Se o imposto sindical voltar, as reformas estruturantes que ainda precisam ser votadas e aprovadas neste país não passarão. Não está proibido contribuir com sindicato, mas agora só contribui quem quer. O que existia antes era uma aberração. A verdade é que os sindicatos recebiam de recursos muito mais que a necessidade deles. Os escândalos de corrupção em sindicatos ajudam a comprovar isso. Os donos dos sindicatos tinham uma base irreal. Quando perderam a verba, passaram a argumentar que perderam também a capacidade de se mobilizar e querem desesperadamente resgatar a receita anterior.“
O Antagonista ponderou com os envolvidos na discussão que qualquer proposta para regulamentar a legislação trabalhista precisa da concordância ou não do Congresso, onde o Centrão, incontestavelmente, está reinando. O site apurou que lideranças do PT, ligadas à CUT, e, principalmente, o deputado Paulinho da Força, presidente nacional do Solidariedade e manda-chuva da Força Sindical, trabalham nos bastidores para convencer a maioria dos parlamentares a reinstituir o imposto sindical obrigatório. O integrante da equipe econômica ouvido pela reportagem não acredita que a investida dará certo.
“Posso assegurar que, hoje, a maioria dos líderes do Centrão também não quer a volta do imposto sindical. Esses deputados passaram mais de 30 anos tendo seus nomes expostos em outdoors em seus estados, como se fossem inimigos da nação, a cada votação no Congresso que não agradava os pelegos. Passaram mais de 30 anos sendo achincalhados por esses sindicalistas em aeroportos do país. Eles não vão querer isso de volta.“
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)