Governo Bolsonaro pode ser motivo de hackeamentos no Brasil, diz professor
Os inúmeros ataques hackers contra órgãos brasileiros mostraram que o país é definitivamente um alvo digital. Um dos motivos pode ser o aumento da informatização da máquina estatal, que passa a precisar de muitos sistemas para funcionar. Há também parte de culpa do governo Jair Bolsonaro, que atraiu inimizades pelo mundo, inclusive de ativistas digitais. A opinião é de Bernardo Wahl, professor de relações internacionais...
Os inúmeros ataques hackers contra órgãos brasileiros mostraram que o país é definitivamente um alvo digital. Um dos motivos pode ser o aumento da informatização da máquina estatal, que passa a precisar de muitos sistemas para funcionar. Há também parte de culpa do governo Jair Bolsonaro, que atraiu inimizades pelo mundo, inclusive de ativistas digitais. A opinião é de Bernardo Wahl, professor de segurança internacional.
“Nos últimos anos, o Brasil está em baixa nas relações internacionais, a ponto de ser considerado um pária e uma ameaça. Nesse contexto, o país pode estar sendo atacado não porque é relevante, mas por causa das políticas desastrosas do governo atual.”
Segundo o professor, a segurança cibernética brasileira “está literalmente no meio termo” do cenário global, equidistante de uma situação ruim e do cenário ideal. Ele cita como exemplo a 70ª colocação, dentre 175 países, obtida pelo Brasil na edição de 2018 do Global Cybersecurity Index, elaborado pela União Internacional das Telecomunicações (UIT).
Leia a entrevista completa:
1) Por que o Brasil tornou-se alvo de hackers nos últimos anos?
“O elevado número de ataques ao Brasil pode ser parcialmente explicado pelo tamanho da máquina estatal, que usa cada vez mais sistemas informatizados.
Entre os ciberataques há aqueles promovidos por outros Estados, que fariam isso para obter informações sigilosas do Brasil, mostrar vulnerabilidades na nossa segurança cibernética que possam causar algum prejuízo à imagem do país no exterior e instalar ‘bombas digitais’.
Há ainda o fator Jair Bolsonaro. A relevância do Brasil como ator político internacional oscilou ao longo da história. Mas, nos últimos anos, o Brasil está em baixa nas relações internacionais, ao ponto de ser considerado um pária e uma ameaça. Nesse contexto, o Brasil pode não estar sendo atacado porque é relevante internacionalmente, mas por causa das políticas desastrosas do governo atual.”
2) Qual o nível de segurança digital das instituições brasileiras?
“Uma análise apresentada pelo Centro Global de Capacidade de Segurança Cibernética (GCSCC) em junho de 2020 mostrou que o Brasil, apesar de não estar em uma situação ruim, ainda precisa melhorar muito para alcançar o cenário ideal. Estamos literalmente no meio termo.
E a mais recente edição do Global Cybersecurity Index, elaborado pela União Internacional das Telecomunicações (UIT) em 2018, colocou o Brasil na 70ª posição dentre os 175 países analisados.”
3) Quão atrasado o Brasil está no quesito segurança digital?
“As mudanças na tecnologia são muito rápidas, e o Estado é lento em suas respostas. A eleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2018, colocou as redes sociais e os aplicativos de mensagens como novas variáveis de problemas cibernéticos no Brasil.
Em fevereiro de 2020 foi aprovada a Estratégia Nacional de Segurança Cibernética (E-Ciber) e a Política Nacional de Segurança Cibernética está sendo elaborada. Mas o desenvolvimento da segurança cibernética vai muito além das políticas de Estado. Empresas precisam fazer mais investimentos e a sociedade deve abraçar a cultura da proteção de dados.”
4) Quais os principais tipos de ataque?
“Os principais tipos de ataques cibernéticos costumam ser o DDoS (Distributed Denial of Service – Ataque Distribuído de Negação de Serviço), Criptojacking (sequestro da capacidade de processamentos de máquinas para minerar criptomoedas), Malware (Malicious Software – Software Malicioso), Phishing (quando um hacker se passa por uma empresa ou pessoa para enganar o usuário, que é direcionado para uma página falsa para ter seus dados roubados), Ransomware (sequestro de dados por criptografia) e Trojan (softwares que simulam outras plataformas para roubo de dados).”
5) E os principais alvos?
“Órgãos do Estado, empresas e usuários individuais.”
6) Quem são os principais responsáveis por esses ataques?
“A maioria dos ataques são promovidos por hackers autônomos, grupos de hackers e organizações criminosas, com o objetivo de demonstrar falhas nos sistemas, fazer protestos políticos ou conseguir dinheiro.”
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