Galípolo abre divergência com oposição e diz que autonomia do BC tem que ser ‘reexplicada’
Indicado de Lula defendeu que o papel do Banco Central é 'perseguir metas' impostas pelo governo
O indicado do presidente Lula ao Banco Central, Gabriel Galípolo, não se comprometeu com a autonomia financeira e administrativa do órgão, durante sabatina no Senado. Ao responder a senadores de oposição sobre o tema, ele afirmou que a autonomia do BC precisa ser ‘reexplicada’ para cessar a polarização em torno do assunto.
“Aprendi que a palavra autonomia gera um debate acalorado. A gente precisa ‘reexplicar’ a autonomia. Se a gente pegar a literatura essencial sobre a autonomia do Banco Central, vemos que o Banco Central tem autonomia operacional para buscar as metas que foram estabelecidas pelo governo democraticamente eleito”, destacou.
O indicado de Lula fez ainda a seguinte analogia: “A gente só pode, até a adolescência, achar que a gente faz o que a gente entende, do jeito que a gente bem entende. Depois a gente não pode mais achar isso. A autonomia funciona da seguinte maneira: as metas estabelecidas e os objetivos estabelecidos são estabelecidos pelo Poder democraticamente eleito. Cabe ao Banco Central perseguir essas metas”.
Sabatina
A sabatina de Gabriel Galípolo marca a retomada dos trabalhos no Senado após o ‘recesso branco’ em virtude das eleições municipais. O líder do governo na Casa, senador Jaques Wagner (PT-BA), apresentou um relatório elogioso sobre o indicado, citando experiência profissional e competências técnicas.
Durante discurso de abertura, Galípolo agradeceu ao presidente da República pela indicação, dizendo que Lula se encaixa na categoria de ‘líder, amigo e professor’. O tom adotado, até o momento, pela oposição é cortês em relação ao indicado de Lula.
Autonomia
Apesar de ter autonomia operacional assegurada em lei desde 2021, a autoridade monetária não tem poder sobre o próprio orçamento. Uma PEC tramita no Senado para dispor sobre o tema com parecer favorável do senador Plínio Valério (PSDB-AM).
Campos Neto
Indicado pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro, o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defende que a autoridade monetária está a ‘asfixiada’ pela falta de autonomia administrativa e financeira. “Estamos com os recursos humanos muito estrangulados”.
Ele destacou que a verdadeira autonomia só será alcançada quando houver independência tanto administrativa quanto financeira. Citou um estudo do economista Tobias Adrian, do Fundo Monetário Internacional (FMI), que revelou que, para 72% dos banqueiros centrais, a autonomia financeira é considerada a mais importante.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)