Fundo delatado por Palocci não foi o único a lucrar com corte da Selic
Em sua delação, Antonio Palocci contou que o BTG teria lucrado com informação privilegiada sobre o corte de 0,50% na taxa Selic, em 31 de agosto de 2011. O banco de André Esteves custodiava e administrava o fundo Bintang, de Marcelo Augusto Lustosa. Mas o Bintang não foi o único fundo a obter ganhos expressivos com o corte da taxa de juros...
Em sua delação, Antonio Palocci contou que o BTG teria lucrado com informação privilegiada sobre o corte de 0,50% na taxa Selic, em 31 de agosto de 2011. O banco de André Esteves custodiava e administrava o fundo Bintang, de Marcelo Augusto Lustosa.
Mas o Bintang não foi o único fundo a obter ganhos expressivos com o corte da taxa de juros. Na ocasião, também chamou atenção a performance do R&C Fundo de Investimento Multimercado, de Cláudio Coppola Di Todaro.
O R&C não é citado por Palocci, mas tem como custodiante o Bradesco e administrador o BNY Mellon, envolvido em fraudes no Postalis. Seu lucro no dia seguinte ao corte da Selic foi de 35,8%.
Uma reportagem do Valor, de maio de 2012, chamou atenção para a RC Gestão de Recursos, responsável por quatro de dez fundos que mais acertaram resultados do Copom nos nove meses anteriores.
“A RC é 90% de Claudinho e os outros 10% são de seu sócio Ricardo Carneiro Monteiro, o ‘r’ da sigla. O fundo R&C FIM – assim como o Bintang – só tem dinheiro do seu gestor, diz Cláudio Coppola. E ele explica que os demais fundos da gestora são espelho do R&C FIM, embora com doses menores de risco, e por isso todos andam juntos. “Criei o R&C Hedge para alguns amigos do mercado. E o R&C Plus também é fechado para poucos cotistas. Em 2011 ficamos bem cotados [em termos de rendimento], muita gente ligava e decidi criar um fundo aberto mesmo, para terceiros, que é o R&C Top”, disse o trader ao jornal.
Na ocasião, ele justificou a tacada certeira ao cruzar declarações públicas do então ministro Guido Mantega com medidas do governo Dilma:
“O Mantega com todas as letras deu a ideia de que queria baixar a taxa de juros. Dez dias antes do Copom ele começou a falar que a economia estava desacelerando e que teria um problema grave com Europa. O Mantega sempre é baixista de juros e, até aí, normal. Quando ele disse que o Brasil ia viver nova fase, de novo mix de política monetária com fiscal, eu pensei comigo: ele vai querer flexibilizar a política monetária num cenário em que pode ter ruptura de Grécia mais à frente. Mas três dias antes do Copom, o Mantega anunciou pacote fiscal de R$ 50 bilhões e na minha cabeça fechou. Apareceu, então, uma opção de juro com corte de 0,50. E ela estava pagando risco retorno de um para oito. Se perdesse, eu perdia um. Se eu ganhasse, ganhava oito. E foi por isso que o fundo ganhou tanto. Sabe por que ficou marcado? Porque eu fui um dos únicos que comprou essa opção de 0,50 ponto. E na véspera do Copom eu ainda comprei mais.”
Claudinho disse ainda que turbinou os efeitos da decisão do Copom apostando que os juros mais baixos fariam o dólar subir. Ao “virar” o mês de setembro comprado em dólar, a cota de seu fundo subiu nada menos que 95,67% em setembro – desempenho similar ao do Bintang.
Parte do lucro com suas operações no mercado, o trader disse ter usado na compra de imóveis nos EUA.
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