Funcionários do Ministério da Justiça relatam à PF pressão em extradição de Allan dos Santos
Em depoimentos prestados à Polícia Federal, funcionários do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) relataram atuações supostamente irregulares da cúpula do Ministério da Justiça durante o processo de extradição do blogueiro Allan dos Santos (foto)...
Em depoimentos prestados à Polícia Federal, funcionários do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) relataram atuações supostamente irregulares da cúpula do Ministério da Justiça durante o processo de extradição do blogueiro Allan dos Santos (foto).
Alguns integrantes do Ministério da Justiça passaram a ser investigados após a demissão da delegada Silvia Amélia, chefe do setor que cuida desse tipo de assunto de extradição dentro da pasta.
Os relatos de interferência foram feitos pela ex-diretora do DRCI, a delegada de Polícia Federal Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, pelo coordenador de extradição do DRCI, Rodrigo Sagastume, e pela diretora substituta do DRCI, Priscila Campelo.
O secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, é suspeito de ter feito um ofício pedindo para alterar o fluxo do procedimento de extradição para ter acesso as informações. Santini negou ter tentado interferir no processo.
Em depoimento à PF, a chefe demitida do DRCI, Silvia Amélia, disse que, em conversa, o secretário afirmou que “a ausência de informação sobre o caso do Allan dos Santos causou um desconforto para o próprio secretário e para o Ministério da Justiça”.
“Após essa conversa Santini elaborou o despacho e tentou alterar o fluxo do procedimento para que ele pudesse ter acesso aos documentos da extradição”, afirmou Amélia à Polícia Federal.
O coordenador de extradição do DRCI, Rodrigo Sagastume, afirmou que Santini convocou uma reunião na qual reclamou que “gostaria de ter sido avisado sobre o processo de extradição de Allan dos Santos”. “O depoente teve a percepção que a reunião da tarde foi esvaziada diante do fato de que o processo de extradição de Allan dos Santos já havia sido remetido ao MRE, restando apenas o alerta de que novos casos sensíveis fossem reportados ao secretário”, afirmou no depoimento.
Todos afirmam que o processo envolvendo Allan dos Santos foi a primeira vez em que a cúpula do Ministério da Justiça pediu informações, cópia do processo e tentou interferir no procedimento. O DRCI é subordinado ao ministério. Mas, quando isso ocorreu, o DRCI já tinha encaminhado o pedido de extradição para o Ministério das Relações Exteriores, que o despachou para os Estados Unidos.
Como mostramos, a delegada da Polícia Federal Denisse Ribeiro, responsável pelo inquérito das milícias digitais, afirmou em despacho que ainda há risco de interferência do Ministério da Justiça no processo de extradição de Allan dos Santos. O documento, datado de 29 de novembro, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (7).
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