Funcionário admite que laboratório cortou testes de HIV para economizar
Em depoimento, técnico revela que laboratório cortou controle de qualidade para economizar, resultando em transplantes de órgãos contaminados por HIV
O técnico Ivanilson Fernandes dos Santos, responsável pelos testes de HIV no laboratório PCS Saleme, fez revelações alarmantes à polícia.
Em depoimento, ele afirmou que, a partir de janeiro de 2024, a frequência dos testes de controle de qualidade foi reduzida de diária para semanal, após ordem da coordenadora Adriana Vargas. A justificativa para a mudança seria a contenção de custos com os caros kits de reagentes, essenciais para garantir a precisão dos exames.
Ivanilson alertou que essa decisão poderia comprometer os resultados, já que os reagentes ficavam degradados por permanecerem muito tempo nas máquinas analíticas.
Essa economia teria levado a erros graves, como a liberação de órgãos contaminados com HIV para transplante, resultando na infecção de pacientes. Ivanilson disse que a partir dessa decisão, pensou em pedir demissão, mas foi demitido antes, na última sexta-feira, 11.
A operação policial contra o laboratório PCS Saleme já resultou na prisão do médico Walter Vieira, sócio da empresa e responsável técnico pelos laudos que atestaram, erroneamente, que os órgãos estavam livres de HIV. Ele alega que o erro foi causado por falhas de outros funcionários, como Cleber de Oliveira Santos, coordenador de biologia, que está foragido.
Outro caso dramático envolvendo o laboratório foi o de uma recém-nascida que recebeu um falso positivo de HIV em 2023, sendo submetida a um tratamento com coquetéis antirretrovirais de forma desnecessária. A mãe, Tatiane Andrade, foi impedida de amamentar e medicada para secar o leite, o que lhe causou um transtorno de estresse pós-traumático.
A Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro já encerrou o contrato com o PCS Saleme e criou uma comissão para apoiar os pacientes afetados. As investigações continuam, e o caso expõe como decisões motivadas por economia podem colocar vidas em risco.
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