Freire Gomes relatou à PF iniciativas de Bolsonaro em trama golpista, diz revista
Relato de Freire Gomes sobre Bolsonaro se deu em parte do depoimento à PF de 1º de março que só foi divulgada nesta quinta-feira, 14
O comandante do Exército em 2022, general Marco Antônio Freire Gomes (foto), relatou à Polícia Federal diversas reuniões e iniciativas de Jair Bolsonaro para tentar anular as eleições daquele ano.
O relato se deu em parte do depoimento à PF de 1º de março que só foi divulgada nesta quinta-feira, 14, pela revista Veja.
Segundo a revista, o general falou sobre a reunião de 7 de dezembro de 2022 com a alta cúpula das Forças Armadas no Palácio do Alvorada, mencionada pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid em seu acordo de delação premiada.
Nessa reunião, Bolsonaro “apresentou a eles a ideia de decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e de sacar elementos extremados como o Estado de Defesa e o Estado de Sítio para se contrapor à realidade expressa nas urnas”.
“Freire Gomes relata que Bolsonaro revelou que, àquela altura, ‘o documento estava em estudo’ e que eles seriam convocados posteriormente para tomarem conhecimento da ‘evolução’ das discussões antirrepublicanas”, acrescenta a Veja.
Em uma segunda reunião, “convocada dias depois”, envolvendo os três comandantes das Forças Armadas e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, “Jair Bolsonaro detalhou uma versão atualizada do documento, mantendo medidas extremas, como a decretação de um Estado de Defesa, e anunciando a criação de uma Comissão de Regularidade Eleitoral para ‘apurar a conformidade e a legalidade do processo eleitoral'”.
Freire Gomes ainda citou ao menos mais uma reunião, que ocorreu no Ministério da Defesa e não contou com a presença de Bolsonaro, segundo a Veja.
“No dia 14 de dezembro de 2022, ainda segundo Freire Gomes, uma audiência restrita do general Paulo Sérgio Nogueira com os três comandantes na sede do ministério, em Brasília, serviu de palco para uma terceira discussão sobre pretensos embasamentos jurídicos para sustentar a virada de mesa eleitoral”, diz a revista.
“Nesta reunião, coube ao próprio ministro da Defesa apresentar uma minuta ainda mais ampla do que as versões debatidas uma semana antes por Bolsonaro”, acrescenta.
O relato da reunião no Ministério da Defesa não aparece nos trechos diretos do depoimento que foram divulgados pela Veja.
Confira os trechos diretos do depoimento de Freire Gomes divulgados:
INDAGADO SE O CONTEÚDO APRESENTADO NESTE MOMENTO AO DEPOENTE FOI APRESENTADO NA REUNIÃO OCORRIDA DIA 07 DE DEZEMBRO DE 2022, RESPONDEU QUE SIM;
QUE NA REFERIDA REUNIÃO POSSIVELMENTE FILIPE MARTINS LEU O REFERIDO CONTEÚDO AOS PRESENTES E DEPOIS SE RETIROU DO LOCAL, FICANDO APENAS OS MILITARES, O ENTÃO MINISTRO DA DEFESA E O ENTÃO PRESIDENTE DA REPÚBLICA JAIR BOLSONARO;
QUE O PRESIDENTE INFORMOU AO DEPOENTE E AOS PRESENTES QUE O DOCUMENTO ESTAVA EM ESTUDO E DEPOIS REPORTARIA A EVOLUÇÃO AOS COMANDANTES;
QUE EM OUTRA REUNIÃO NO PALÁCIO DA ALVORADA, EM DATA EM QUE NÃO SE RECORDA, O ENTÃO PRESIDENTE JAIR BOLSONARO APRESENTOU UMA VERSÃO DO DOCUMENTO COM A DECRETAÇÃO DO ESTADO DE DEFESA E A CRIAÇÃO DA COMISSÃO DE REGULARIDADE ELEITORAL PARA “APURAR A CONFORMIDADE E LEGALIDADE DO PROCESSO ELEITORAL”;
QUE NA REUNIÃO ESTAVAM PRESENTES OS TRÊS COMANDANTES DAS FORÇAS ARMADAS, BRIGADEIRO BAPTISTA JUNIOR, ALMIRANTE GARNIER, O DEPOENTE E O ENTÃO MINISTRO DA DEFESA GENERAL PAULO SÉRGIO;
QUE O DEPOENTE E O BRIGADEIRO BAPTISTA JUNIOR AFIRMARAM DE FORMA CONTUNDENTE SUAS POSIÇÕES CONTRARIAS AO CONTEÚDO EXPOSTO;
QUE NÃO TERIA SUPORTE JURÍDICO PARA TOMAR QUALQUER ATITUDE;
QUE ACREDITA, PELO QUE SE RECORDA, QUE O ALMIRANTE GARNIER TERIA SE COLOCADO À DISPOSIÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA;
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